A experiência brasileira mostra que rodovias concedidas à iniciativa privada possuem melhores infraestrutura, manutenção e segurança. Por outro lado, populações de regiões onde há praças de pedágio, principalmente as instaladas entre cidades próximas, questionam os impactos negativos que a cobrança pode causar às economias locais e o fardo financeiro, especialmente para quem precisa se deslocar diariamente para trabalhar e estudar.
O ônus a esses cidadão não pode ser desconsiderado. Contudo, é preciso levar em conta que, em um País que utiliza majoritariamente o modal rodoviário, investimentos nessas infraestruturas são mais do que necessários.
Infelizmente, os governos estaduais e federais, os principais responsáveis, não investem o necessário. Um estudo encomendado pela Logística Brasil mostra que os aportes têm ficado abaixo do necessário há pelo menos 24 anos. No período, o Brasil não comprometeu nem 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no setor, quando seria preciso 2,26% do PIB para cobrir apenas a manutenção.
Em um País onde 65% do transporte de cargas é realizado pelo modal rodoviário, a alternativa dos pedágios se mostra a melhor, pois garante o investimento e a manutenção necessárias em trechos estratégicos para o desenvolvimento da infraestrutura.
O Rio Grande do Sul tem ao menos 30 praças de pedágios, com tarifas que variam, para carros de passeio, de R$ 5,00, na região Central do Estado, a R$ 19,60 na Região Sul. Essa tarifa mais alta, considerada uma das mais caras do Brasil, é cobrada nas cinco praças localizadas nas BRs 116 e 392. Esta última essencial para escoar a produção industrial e agrícola do RS, pois é a principal ligação com o Porto de Rio Grande.
Há unanimidade entre empresários da Região Sul de que o preço elevado do pedágio é um dos entraves ao desenvolvimento, sobretudo pelos custos adicionais ao embarque de cargas. Entre os usuários do Polo Rodoviário de Pelotas, uma pesquisa da Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no RS apontou que 89% dos entrevistados acreditam que uma nova licitação com outra empresa reduziria as tarifas e aumentaria os investimentos na região.
O contrato de concessão termina em 2026, e a empresa Ecosul chegou a propor uma prorrogação, o que foi negado em uma decisão acertada da Agência Nacional de Transportes Terrestres. Agora, é importante uma organização de entidades privadas e poder público para que a próxima concessão seja bem encaminhada.