O Rio Grande do Sul possui uma economia diversificada. Tem indústrias fortes em diversos segmentos, um agro líder em diferentes cadeias, áreas com capacidade de desenvolver o turismo, um ambiente favorável à produção de energias limpas e renováveis, além de ser um dos estados que mais investe em tecnologia e inovação. Todos são ativos capazes de elevar a economia, porém o imenso e inaceitável custo logístico do Estado afasta investimentos.
Uma agenda profunda de transformação do RS passa, inevitavelmente, pelo reforço da infraestrutura, pela qualificação de mão de obra, pela desburocratização do ambiente de negócios, pela redução da carga tributária, e pela maior previsibilidade de políticas.
Hoje, os elevados custos logísticos do RS levam à perda de competitividade. Há carências em infraestruturas de estradas, ferrovias e portos. Segundo o Instituto Besc, esse custo representa 21,5% do Produto Interno Bruto (PIB), mas não deveria ser maior do que 6,2%. Já nacionalmente, o custo logístico consumiu, em 2023, 18,4% do PIB, conforme o Instituto de Logística e Supply Chain.
Em 2023, a soma de todas as riquezas do Estado foi de R$ 640,2 bilhões - 5,9% do PIB nacional, avanço de 1,7% ante 2022, e o quinto maior PIB estadual do Brasil.
A melhora desses indicadores é possível, mas passa, impreterivelmente, por investimentos em infraestruturas ferroviária, aeroportuária e portuária para que a dependência do modal rodoviário seja reduzida, hoje o principal componente do custo logístico.
O RS já teve uma rede ferroviária altamente capilarizada, com 8 mil quilômetros. Hoje, dos 3,2 mil quilômetros de linhas e ramais ferroviários, cerca de 1,5 mil estão desativados ou suspensos. Concedido desde 1997, o trecho não tem recebido investimentos necessários em infraestrutura.
No que toca a infraestrutura aeroportuária, a enchente mostrou a grande dependência do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Os anúncios de investimentos nos aeroportos de Torres e Canela e a promessa de um novo terminal em Caxias do Sul, o de Vila Oliva, são muito bem-vindos.
Na questão portuária, o RS acaba perdendo muitos embarques para Santa Catarina, que, com 440 quilômetros de costa, tem seis portos e um em construção. No RS, são 600 quilômetros de costa e apenas o Porto de Rio Grande.
Uma alternativa é o Porto Meridional de Arroio do Sal, no Litoral Norte, cuja promessa é que esteja em funcionamento em 2028. Como consequência, o Estado deve experimentar o crescimento da indústria em municípios do entorno, a partir da facilidade de exportação.