Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 23 de Outubro de 2024 às 19:10

A cúpula do Brics e o pedido por multipolaridade

ARTE/JC
Compartilhe:
JC
JC
A multipolaridade mundial é o que defendem os países que compõem o Brics, reunidos em uma cúpula estrategicamente realizada na cidade de Kazan, na Rússia. A desdolarização da economia global, um novo sistema financeiro internacional e uma reforma na ONU são temas espinhosos que emergem nas discussões.
A multipolaridade mundial é o que defendem os países que compõem o Brics, reunidos em uma cúpula estrategicamente realizada na cidade de Kazan, na Rússia. A desdolarização da economia global, um novo sistema financeiro internacional e uma reforma na ONU são temas espinhosos que emergem nas discussões.
De 2006 para cá, quando o Brics foi criado, cada uma das nações do bloco - originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - foi para um caminho, e, agora, faz sua primeira cúpula após uma expansão inédita, comandada pela China com o apoio da Rússia. Ambas veem no grupo um instrumento a mais na Guerra Fria 2.0 contra o Ocidente liderado pelos Estados Unidos.
A questão da desdolarização é nevrálgica para a Rússia. Desde que começou a guerra com a Ucrânia, o Kremlin foi banido do sistema financeiro de transações internacionais (Swift). O tema também é de interesse da China, que vive uma disputa com os EUA e prefere fazer comércio com sua própria moeda, em vez do dólar.
Com a entrada de Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes, Etiópia e Egito no Brics, ocorrem manobras para a discussão de pautas cada vez mais anti-ocidente. Se antes havia divergências entre os cinco membros, o dobro de participantes, de formatações econômicas e políticas tão distintas, dificulta ainda mais os consensos.
Em uma coisa, porém, concordam: é preciso ampliar a cooperação entre os países do Sul Global - aqueles localizados no hemisfério sul e em via de desenvolvimento econômico e social. A defesa é de que a multipolaridade pode expandir oportunidades e desbloquear o potencial construtivo de mercados emergentes, garantindo benefícios para todos.
Aí entra a forte oposição dos EUA, seus aliados europeus e daqueles que dependem de acordos multilaterais com ambos. O Brasil se enquadra aí. Qualquer gesto considerado favorável aos russos pode provocar retaliações ocidentais e afetar o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, por exemplo.
Alguns veem a participação do Brasil como expressão do histórico não alinhamento de sua política externa, que busca representar o Sul Global e, ao mesmo tempo, obter concessões de Washington e Pequim.
Uma mostra disso foi que a Venezuela, candidata a entrar no grupo, apesar da pressão russa, ficou de fora por influência brasileira. O País era aliado do regime de Maduro até as eleições presidenciais de julho, mas com a documentada fraude no pleito e após ligações do governo norte-americano, mudou sua posição.
 

Notícias relacionadas