Reconhecer o esforço de profissionais que dedicam a vida a ensinar é impreterível em uma nação que almeja o desenvolvimento. O 15 de outubro não pode ser relegado a apenas uma data isolada no calendário. Não se pode celebrar professores sem que a profissão, de fato, seja valorizada.
O Brasil possui, aproximadamente, 2,3 milhões de docentes na Educação Básica - Infantil, Fundamental e Médio -, atendendo a crianças e adolescentes de 4 e 17 anos, faixa etária de matrícula obrigatória.
São milhares de estudantes que passam mais tempo, em alguns casos, na convivência de professores do que na de pais e responsáveis. É nesse relacionamento diário que se dá muito da formação do caráter, do desenvolvimento de habilidades e do pensamento crítico dos estudantes.
A responsabilidade que detêm, no entanto, é inversamente proporcional à valorização que recebem. Nas escolas, os profissionais ainda enfrentam baixa remuneração, condições de trabalho precárias, formação inadequada e falta de investimento.
O Brasil, constitucionalmente, precisa elaborar um Plano Nacional de Educação (PNE) a cada dez anos. O referente ao período 2024-2034 está em discussão na Câmara dos Deputados, com foco na valorização docente.
O último PNE não alcançou as metas para a categoria, entre elas a de que todos os professores tenham formação específica na área em que atuam em sala de aula. De 2014 a 2022, apenas 10% da meta foi cumprida. Agora, o novo texto busca garantir meios para que tenham uma formação de qualidade.
Diante da situação, os dados da pesquisa Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil, feita neste ano pelo Instituto Semesp, não surpreendem: oito em cada dez professores da Educação Básica já pensaram em desistir da carreira. Entre os motivos estão a falta de valorização e estímulo da carreira (74,8%), de disciplina e interesse dos alunos (62,8%), de apoio e reconhecimento da sociedade (61,3%) e de envolvimento e participação das famílias dos alunos (59%).
Outro dado indica a baixa valorização da carreira. No Brasil, a cada ano, entre 2015 e 2021, o investimento público em educação caiu, em média, 2,5%, segundo o relatório internacional Education at a Glance (EaG) 2024, divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Ao contrário do Brasil, no mesmo período, os países da OCDE aumentaram, em média, em 2,1% por ano os investimentos públicos em educação, desde o ensino Fundamental ao Superior.