A frequência com que são realizas dragagens de rios e canais usados pela navegação comercial no Rio Grande do Sul é insuficiente para manter a economia competitiva. A limitação de calado implica deficiências logísticas, o que acaba por ser contornado com o uso de outros modais ou com a utilização de duas ou mais embarcações para fazer o que apenas uma faria.
Duas situações são emblemáticas e exemplificam bem a condição em território gaúcho: os calados do Porto de Rio Grande e da Lagoa dos Patos.
No caso do porto, cada metro a menos de calado significa cerca de 15 mil toneladas a menos em cargas. Por lá, as enchentes de maio chegaram a assorear o canal de acesso em 4 metros - de 15 para 11 metros. Com isso, embarcações tiveram limitadas suas capacidade de carga em torno de 60 mil toneladas. Para contornar a situação, a alternativa é utilizar duas embarcações, o que acaba impactando no custo do frete e do produto final.
Cinco meses após a enchente, esse patamar está em 12,8 metros. Graças a uma dragagem emergencial realizada pela Portos RS - empresa pública estadual que atua como a autoridade portuária responsável pela gestão do complexo rio-grandino -, o calado deve atingir algo próximo aos 14 metros até o início de novembro.
Para que o patamar original de 15 metros seja novamente alcançado e o porto se volte ao objetivo de se tornar um concentrador de cargas no Mercosul, é mais do que necessário a liberação de recursos pela União. O adequado é que autoridade portuária tenha contrato de dragagem a sua disposição para ser demandado quando necessário.
Na parte fluvial, a hidrovia da Lagoa dos Patos, tem sido motivo de preocupação para a cadeia produtiva. As alterações no calado e o surgimento de bancos de areia após as enchentes prejudicam o escoamento de produções de ao menos 14 municípios por onde passa. O mesmo ocorre nas bacias hidrográficas.
Os canais de acesso aos terminais da CMPC, em Pelotas e Guaíba, e do Polo Petroquímico de Triunfo, no Rio Jacuí, passaram por dragagem emergencial, com recursos privados.
Para que não apenas o Estado, mas todo o Brasil tenha um plano de dragagens eficiente e competitivo, é preciso uma união de esforços entre legislativos e executivos, tanto estaduais quanto federal, e setores públicos e privados.
Já passou da hora de o Brasil resolver gargalos em vários setores para voltar a crescer de forma sustentada e tomar a posição de destaque que merece em nível mundial. E isso, obrigatoriamente, passa pelo investimento em infraestrutura.