Ainda que a passos lentos, o Rio Grande do Sul está avançando nos reparos necessários para que a logística de transporte e trânsito volte a funcionar como era antes da enchente de maio. Os danos causados pela água persistem em várias frentes, gerando sérios gargalos viários. São os casos do
Aeroporto Internacional Salgado Filho e do
Trensurb, ambos em Porto Alegre.
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Cinco meses após os alagamentos que danificaram gravemente estruturas do Trensurb, somente na última sexta-feira, 20 de setembro, duas das cinco estações na Capital voltaram a operar. No restante das cidades por onde o trajeto de 43,8 km passa - Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Novo Hamburgo -, as estações foram reativadas ainda em maio.
O maior entrave estava em adquirir equipamentos que não existem no Brasil, onde não há fomento à indústria ferroviária. Para a liberação das outras três estações - São Pedro, Rodoviária e Mercado - é preciso recuperar uma das subestações de energia. A previsão é somente dezembro, mais de oito meses após o fechamento.
Já as obras de restauração da pista do Salgado Filho, que ficou quase toda encoberta pela água por mais de 20 dias, estão em fase final. A retomada de voos está marcada para 21 de outubro.
A situação envolvendo problemas logísticos não é exclusividade da Capital. Outros casos emblemáticos se espalham por municípios do Interior, com ao menos oito bloqueios totais ainda em decorrência da enxurrada. Em Arroio do Meio, no Vale do Taquari, onde estão unidades de grandes empresas como BRF, Girando Sol e Neugebauer, a ponte que liga a cidade a Lajeado caiu. A passagem é importante para escoar a produção da região.
Para reduzir o gargalo, o Exército Brasileiro instalou uma estrutura metálica de 60 metros de comprimento sobre o rio Forqueta. A ponte tem capacidade para suportar veículos com até 80 toneladas.
Em Muçum, também no Vale do Taquari, um muro de gabião está sendo refeito no quilômetro 88 da ERS-129. A rodovia é essencial para transportar a produção tão necessária à retomada da economia gaúcha.
O restabelecimento de uma ligação terrestre direta entre Nova Petrópolis e Caxias do Sul, com a abertura, em caráter provisório, da Ponte da Cooperação, deve dar um novo fôlego à economia das duas cidades, sobretudo em relação ao turismo, um dos setores mais afetados desde maio.
Os problemas logísticos desde as enchentes evidenciam a necessidade de o RS investir em multimodais de transporte, sob pena de perder ainda mais competitividade.