Desde maio, quando o Rio Grande do Sul foi atingido pela maior enchente de sua história, é sabido que a reconstrução de infraestruturas, levadas pelas águas ou extremamente danificadas, levaria tempo e muito dinheiro.
Ainda há rodovias, tanto estaduais quanto federais, com bloqueios parciais ou completos, o Aeroporto Internacional Salgado Filho, igualmente, não voltou a operar - a projeção é retomar pousos e decolagens em 21 de outubro, de forma parcial -, assim como unidades básicas de saúde e Centros de Atenção Psicossocial continuam fechados.
Em Porto Alegre e Região Metropolitana, uma das questões emblemáticas é a demora da volta da operação da Trensurb, meio de transporte que, em condições normais, transporta aproximadamente 110 mil passageiros em dias úteis.
O trajeto total da linha de trem de superfície é de 43,8 quilômetros e passa por seis municípios: Porto Alegre, Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Novo Hamburgo.
Hoje, apenas Porto Alegre ainda não possui uma estação em funcionamento. As estações em outras cinco cidades foram reativadas no dia 30 de maio, 25 dias após a paralisação dos serviços por conta das cheias. Na data, a estimativa era retomar totalmente a operação em 30 dias, mas já se passaram mais de 120 dias.
Entre os fatores que continuam a impedir a operação a pleno estão problemas em subestações de energia elétrica responsáveis pela tração dos trens, danos na via férrea e em estações de passageiros. Já a demora em restabelecer o sistema está atrelada à falta de insumos no Brasil para atender a sistemas ferroviários.
Na semana passada, mais de 4 meses após a inundação, a empresa de trens urbanos anunciou a retomada de viagens nas três primeiras plataformas na Capital, de um total de seis, para 20 de setembro.
Na data, voltam a funcionar as estações Farrapos, Aeroporto e Anchieta. Apesar de a notícia ser um alento aos usuários, outras três estações - Mercado, Rodoviária e São Pedro - seguem paralisadas na Capital, e a empresa não garante que estes locais serão entregues até o final do ano.
É justificável que a reconstrução de rodovias, pontes e edificações destruídas demanda de maior tempo. No entanto, não há argumento que explique que estruturas essenciais para a retomada econômica de forma mais imediata, necessárias para o deslocamento de trabalhadores pela Região Metropolitana - a mais densamente povoada do RS e a quinta mais populosa do País - ainda estejam paradas.