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Publicada em 28 de Agosto de 2024 às 19:18

Das enchentes de maio aos incêndios de agosto no Brasil

Editorial

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Os incêndios na Amazônia, no Pantanal e na Região Sudeste não são um problema só para os moradores daquelas regiões. Assim como as enchentes no Rio Grande do Sul em setembro e novembro de 2023 e maio de 2024 não interessavam somente aos gaúchos. Há, em parte dos episódios de fogo, assim como nas cheias no RS, componentes ligados às mudanças climáticas - situações que a Norte ou a Sul do Brasil geram consequências a outras regiões.
Os incêndios na Amazônia, no Pantanal e na Região Sudeste não são um problema só para os moradores daquelas regiões. Assim como as enchentes no Rio Grande do Sul em setembro e novembro de 2023 e maio de 2024 não interessavam somente aos gaúchos. Há, em parte dos episódios de fogo, assim como nas cheias no RS, componentes ligados às mudanças climáticas - situações que a Norte ou a Sul do Brasil geram consequências a outras regiões.
O fogo que afeta diferentes partes do País pode estar ligado a uma falta de chuva histórica - a mais grave já registrada nas últimas quatro décadas -, que atinge 16 estados e o Distrito Federal. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais considerou informações de maio a agosto para todas as unidades da federação desde 1981, ano de início dos registros.
Apenas em agosto, os números preliminares indicam que aproximadamente 7 de cada 10 municípios brasileiros enfrentam algum tipo de seca, que vai de fraca a moderada, extrema ou severa. São números alarmantes, impulsionados, sobremaneira, pelas mudanças nos padrões do clima.
Evidentemente, não se pode descartar a influência de situações climáticas sazonais, como El Niño e La Niña. No caso das secas, particularmente em 2024, há interferências do modo zonal do Atlântico, caracterizado pelo resfriamento das águas do oceano na costa da África, que enfraquece o fluxo de ventos com umidade para o Brasil.
Neste ano, entre 1º de janeiro e 26 de agosto, o País registrou alta de 78% nos focos de incêndio, com 109.943 casos, ante 61.718 no mesmo período em 2023, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
De maneira óbvia, é preciso fazer a distinção entre focos com origem criminosa e natural. O primeiro caso atinge especialmente o estado de São Paulo e o Pantanal matogrossense.
Se em SP a maior parte é atribuída à ação humana deliberada - orquestrada ou não -, no Pantanal o fogo teve origem em propriedades privadas, seja por desmatamento, seja por queimada, e quase nenhum incêndio possui indícios de ter começado por causas naturais, como raios.
Os incêndios, só em agosto, já afetaram 4,4 milhões de pessoas. A maioria - 4 milhões - por efeitos como poluição do ar e perda da biodiversidade. Outro grave problema é que o desmatamento e as queimadas, aliados às mudanças climáticas, estão entre as causas da alteração do regime hidrológico dos rios da Amazônia, levando à ocorrência de cheias e secas mais severas com menor intervalo de tempo.
 

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