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Publicada em 23 de Julho de 2024 às 18:45

O peso da violência e da insegurança para os brasileiros

Editorial

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O Brasil ainda tem um longo caminho a ser percorrido para melhorar os índices de segurança pública. Divulgado na semana passada, o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que, mesmo com redução pelo terceiro ano seguido do número de homicídios, a taxa no País é quase quatro vezes a mundial - de 5,8 para cada 100 mil habitantes.
O Brasil ainda tem um longo caminho a ser percorrido para melhorar os índices de segurança pública. Divulgado na semana passada, o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que, mesmo com redução pelo terceiro ano seguido do número de homicídios, a taxa no País é quase quatro vezes a mundial - de 5,8 para cada 100 mil habitantes.
Apesar dessas ressalvas, é preciso celebrar o avanço na redução da violência no Brasil, que chegou ao menor patamar desde que a série histórica começou, em 2011. Também foi a primeira vez que foram contabilizados menos de 47 mil óbitos - 22,8 para cada 100 mil habitantes. Ainda assim, o Brasil continua respondendo por 10% de todos os homicídios do planeta e, em números absolutos, é o que mais mata.
Outro dado que precisa ser destacado é a mudança no padrão de ocorrências, com queda nos roubos de rua e aumento dos estelionatos. Em 2023, foram 1,9 milhão de registros, ou seja, um golpe a cada 16 segundos - 8,2% a mais que em 2022. Em relação a 2018 houve alta de 360%.
Tanto os crimes violentos quanto os não violentos são ocorrências que formam um efeito cascata sobre o cotidiano dos brasileiros. A sensação de insegurança influencia no dia a dia, como, por exemplo, na alteração de uma rota para chegar ao trabalho e evitar determinada área, até na mudança de cidade em busca de menos criminalidade. Mas não para por aí.
Grande parte dos brasileiros não percebe que paga a conta dessa falta de segurança. Por ano, dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indicam que as empresas gastam, em média, R$ 171 bilhões para se protegerem da criminalidade. Valor que acaba embutido na compra de um produto e na prestação de um serviço.
Entre 2022 e 2023, o financiamento das políticas de segurança pública cresceu 4,9%. Dos R$ 137,9 bilhões aplicados, R$ 110,4 bi foram dos estados, R$ 16,4 bilhões da União, e R$ 10,9 bilhões dos municípios. Em 12 anos (2011-2023), os municípios foram os que mais aumentaram as despesas (89,6%), enquanto a União gastou apenas 8,3% a mais, e os estados, 32,9%.
Anualmente, o Brasil gasta cerca de 5,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no combate à violência e criminalidade. Como comparação, 5,4% são investidos em educação, e 9,7%, em saúde.
O PIB de um país é uma métrica para avaliar seu desenvolvimento. No Brasil, poderia crescer 0,6% a mais ao ano se o nível de criminalidade recuasse para o índice da média mundial, segundo estudo do FMI. Da mesma forma, poderiam ser maiores os investimentos em áreas cruciais para reduzir as desigualdades sociais.
 

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