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Publicada em 18 de Julho de 2024 às 18:34

A preocupação com os pequenos negócios pós-cheia

Editorial

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É preocupante o fato de que mais de um terço dos negócios que foram fechados pelas cheias históricas de maio no Rio Grande do Sul ainda não tenham voltado à ativa.
É preocupante o fato de que mais de um terço dos negócios que foram fechados pelas cheias históricas de maio no Rio Grande do Sul ainda não tenham voltado à ativa.
A Pesquisa de Impacto das Enchentes no RS, realizada pelo Sebrae RS em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, foi feita para se ter um panorama da situação dos microempreendedores individuais (MEIs) e micro e pequenas empresas (MPEs). O resultado, nada animador, indica, por exemplo, que para quase 15,2% dos entrevistados, o negócio só voltará a operar normalmente entre dez e 12 meses. Para outros 10,5% isso ocorrerá entre sete e nove meses.
O levantamento abarca 16.816 negócios em cidades atingidas pelas cheias. Mais de 85% vai de MEI a Empresa de Pequeno Porte (EPP). Cerca de 4,5 mil ficam em Porto Alegre, seguidas por quase 2 mil em Canoas e mil em São Leopoldo.
Foram centenas de negócios fortemente impactados pela água, que em alguns pontos ultrapassou 1,50m. Além disso, a falta de energia agravou a situação, principalmente para comércios que armazenavam alimentos. A verdade é que há locais em que não basta recomprar estoques, pois o patrimônio foi completamente danificado, exigindo reforma.
Um exemplo é o polo cervejeiro do 4° Distrito. A região, que vai do Centro Histórico de Porto Alegre até a Arena do Grêmio, entre o lago Guaíba e a avenida Cristóvão Colombo, na Zona Norte, foi uma das que mais prejuízos registrou.
Para incentivar o desenvolvimento da antiga área industrial de Porto Alegre, foram criados programas de fomento e concedidas isenções de impostos aos que desejam lá se instalar. A expectativa do município era triplicar o número de economias, isto é, endereços ativos.
Nos últimos anos, o 4° Distrito vinha passando por uma revitalização, a partir de investimentos de empresas e pequenos comércios, e já estava estabelecido como um importante centro cultural, boêmio e de inovação.
Com a inundação, fica evidente que a região ainda tem imensos desafios de infraestrutura a serem superados para se tornar um exemplo da mudança no modelo de negócios gaúcho e porto-alegrense.
Qualquer ajuda financeira, seja municipal, estadual ou federal, representa uma enorme diferença na hora de ponderar pela retomada do negócio ou pelo fechamento. Nesse cenário complexo e desafiador, é impreterível que MEIs, micro e pequenas empresas tenham acesso a recursos a fundo perdido, o que é diferente de financiamento, que carrega custos de juros e acaba comprometendo a capacidade de contrair crédito futuro.
 

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