Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 20 de Junho de 2024 às 18:35

O projeto para blindar Porto Alegre de novas inundações

Editorial

Editorial

ARTE/JC
Compartilhe:
JC
JC
Porto Alegre ainda tem visíveis marcas das enchentes históricas, sobretudo em bairros da Zona Norte. Para que um cenário como o vivido em maio não se repita, um plano de reestruturação do sistema de combate a cheias é salutar.
Porto Alegre ainda tem visíveis marcas das enchentes históricas, sobretudo em bairros da Zona Norte. Para que um cenário como o vivido em maio não se repita, um plano de reestruturação do sistema de combate a cheias é salutar.
No auge da inundação, um grupo de engenheiros, entre os quais alguns ex-diretores do extinto Departamento de Esgotos Pluviais, foi categórico sobre o porquê de a enchente ter atingido aquelas proporções: falta de manutenção.
Outro ponto que deve ser levado em conta é que as áreas inundáveis já eram de conhecimento público há mais de 20 anos. O Atlas Ambiental de Porto Alegre, lançado em 1998, indica 18 regiões passíveis de inundação, das quais apenas oito contemplam sistema de proteção.
Frente ao que é necessário para sanar os problemas, a prefeitura apresentou na quarta-feira um plano estratégico para a reconstrução da Capital, dividido em seis eixos, que prevê investimentos na casa dos R$ 890 milhões. Do montante, R$ 510 milhões serão para a proteção contra cheias e aplicados em diques, comportas, casas de bombas e no Muro da Mauá.
Sobre as casas de bomba, entre os problemas que precisam ser sanados estão questões ligadas à falta de energia, a submersão de painéis elétricos e motores não blindados. As soluções passariam por uma fonte de energia exclusiva, como um gerador, pela vedação e proteção contra alagamentos e pela elevação do painéis e motor.
Já os diques de Porto Alegre durante as enchentes tiveram extravasamento e ruptura parcial. Entre as ações estão a análise da estabilidade, da recomposição de cotas e de trecho ou o fechamento.
Somado a isso, para viabilizar os seis eixos - habitação de interesse social, projetos urbanos resilientes, recuperação de atividades empresariais e financiamentos, adaptação climática e monitoramento e transparência -, o Executivo municipal precisará, mais do que nunca, do apoio inconteste do governo federal.
O sistema de contenção de cheias é considerado ainda atual, robusto e seguro - foi erguido após a enchente de 1941, ao longo dos anos 1960. O que realmente falta é a manutenção necessária. Algo que poderia ter impedido a enchente mais recente se, na cheia do Guaíba de novembro - até então a maior desde 1941 -, o poder público não tivesse contado tanto com a sorte de que um novo episódio não ocorreria nos próximos meses.
Para viabilizar uma estrutura resiliente, é hora de o Ministério de Apoio à Reconstrução mostrar a agilidade tão pronunciada durante as inundações e disponibilizar os recursos para que as obras comecem o mais celeremente possível.
 

Notícias relacionadas