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Publicada em 24 de Junho de 2024 às 01:25

Cuidado com a água e mitigação dos efeitos climáticos

/ARTE/JC
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Pode até parecer uma incoerência abordar a perda de água tratada no Brasil após as enchentes devastadoras que atingiram o Rio Grande do Sul entre abril e maio. Entretanto, as chuvas que encheram os mananciais, extravasando sobre centenas de cidades, não podem ser consideradas água potável.
Pode até parecer uma incoerência abordar a perda de água tratada no Brasil após as enchentes devastadoras que atingiram o Rio Grande do Sul entre abril e maio. Entretanto, as chuvas que encheram os mananciais, extravasando sobre centenas de cidades, não podem ser consideradas água potável.
Hoje, o volume de água tratada que o Brasil perde anualmente com vazamentos na distribuição seria suficiente para abastecer 54 milhões de pessoas, conforme a mais recente publicação do Instituto Trata Brasil. Em 2022, cerca de 37,8% da água foi perdida durante a distribuição.
No Estado, as perdas por falhas na distribuição chegam a 39,5%. Ou seja, o volume de água desperdiçado por dia, antes de chegar às torneiras, equivale a 512 piscinas olímpicas.
Em Porto Alegre, 99,5% da população é atendida com abastecimento de água, a partir de 104 reservatórios. A água tratada é bombeada por 88 estações. E mesmo que a situação na Capital seja melhor em relação às perdas no processo, quando comparada a do Estado, ainda assim, não é menos preocupante. Por aqui, o desperdício diário nos 4.200 quilômetros de redes chega a 27% (38,2 piscinas olímpicas).
No RS, no período mais crítico da tragédia, milhares de pessoas chegaram a ficar sem água. O principal motivo foi a inundação de casas de bomba que fazem a água tratada efetivamente chegar às torneiras.
Alternativas a esse sistema, assim como outras para conter a perda de água em tubulações ao longo do processo são imperativas em um País que tem como meta mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Agora foram as cheias, mas em outros momentos são as secas severas. E nesses dois cenários, a água é o bem mais valioso.
Em 2021, o Ministério do Desenvolvimento Regional instruiu municípios que, para ter acesso a recursos públicos, é preciso seguir metas sobre perdas físicas. Ou seja, até 2034 alcançar 25% em perdas na distribuição, um percentual ainda alto, mas impossível de reduzir a zero porque há limites técnicos e econômicos.
Para chegar aos 25%, será necessário investir, e muito. Hoje, a média de aplicação de verbas no País é de R$ 111,00 por habitante ao ano, quando deveria ser de R$ 231,00.
Claramente, uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos somada a investimentos em redução de perdas são mais do que necessários para fortalecer a infraestrutura das cidades e, consequentemente, proporcionar maior segurança. É necessário o fomento de políticas públicas, projetos e inovações, além de aumentar e acelerar o ritmo dos investimentos.

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