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Publicada em 30 de Maio de 2024 às 18:14

Por um setor logístico mais resiliente e diversificado

Editorial

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O setor de logística é considerado um ponto nevrálgico para a economia brasileira. A tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul neste mês de maio evidenciou a extrema dependência de rodovias e do Aeroporto Salgado Filho, que concentra praticamente a totalidade das operações aéreas de passageiros e cargas no Estado.
O setor de logística é considerado um ponto nevrálgico para a economia brasileira. A tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul neste mês de maio evidenciou a extrema dependência de rodovias e do Aeroporto Salgado Filho, que concentra praticamente a totalidade das operações aéreas de passageiros e cargas no Estado.
Em meio à calamidade pública, o setor rodoviário de cargas e logística tem enfrentado grandes obstáculos devido às condições adversas das estradas, que apresentam inúmeros bloqueios. No setor aéreo, o fechamento do Salgado Filho evidenciou a dependência quase que exclusiva do aeroporto da Capital, já que uma parcela das matérias-primas que abastece as indústrias é transportada por aviões.
A utilização de rotas alternativas com multimodais, ainda que com acessos complicados, tem sido uma das características da logística emergencial no RS. Os desafios vêm sendo superados, seja no atendimento à questão humanitária ou no restabelecimento da produção local. Situação que poderia ser diferente se o Estado e o Brasil trabalhassem com uma estrutura logística mais diversificada.
A dependência de rodovias é causa de perdas milionárias anualmente. Inegavelmente, as enchentes históricas afetam em maior ou menor intensidade outros modais, como ferrovias e hidrovias, mas é importante ressaltar que as estradas são responsáveis por movimentar 65% das cargas. E são rodovias que já não tinham boas condições de trafegabilidade antes mesmo da enxurrada.
Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte, de 2023, revelou que 65,7% das malhas rodoviárias encontram-se em estado crítico no Brasil. No RS, 72,2% apresentava algum tipo de problema.
As condições do pavimento geram um aumento de custo operacional do transporte de 33,6%, o que se reflete na competitividade do Brasil e no preço dos produtos. Igualmente, a má conservação gera impacto ambiental e custos desnecessários na ordem de R$ 7,49 bilhões à economia.
O estado da malha rodoviária levou, em 2023, ao consumo desnecessário de 1,139 bilhão de litros de diesel e a uma emissão de cerca de 3 milhões de toneladas de gases poluentes. Melhorar as condições das rodovias impediria a emissão, por exemplo, de gases que agravam o efeito estufa - algo essencial diante das mudanças climáticas -, a exemplo do dióxido de carbono (CO2), que perdura na atmosfera por até mil anos.
Com a tragédia que atingiu o RS, muitas rodovias terão de ser refeitas. Seria o momento de pensar em alternativas mais resilientes tanto estruturalmente quanto ambientalmente.
 

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