A grave crise climática que atinge o Rio Grande do Sul já causa profundos impactos em setores como infraestrutura rodoviária, habitação, agricultura, transporte, saúde e educação. Passado o ápice da tragédia, o Estado deve se concentrar na reconstrução - 93% dos 497 municípios gaúchos já reportaram danos causados pelas enchentes -, com vistas às mudanças climáticas, e repensar a organização de cidades.
Um trabalho de mitigação e, até mesmo, reversão das alterações climáticas em curso, demanda ser implantado. Isso inclui ações de reflorestamento e restauro de ecossistemas degradados e a escolha de onde serão erguidas as edificações que darão lugar àquelas totalmente destruídas pela enxurrada. Áreas de encosta e próximas a margens de cursos d'água devem ser totalmente descartadas.
É preciso atenção também à eficiência energética e térmica. Ambas cruciais em construções sustentáveis. O ideal é a adoção de tecnologias como painéis solares, sistemas de iluminação menos agressivos e isolamento térmico.
São ações que parecem utópicas para a realidade brasileira, mas que, mais cedo ou mais tarde, precisam ser disseminadas. Portanto, é preciso aproveitar o infeliz acontecimento da tragédia climática para adequar o Estado.
O desenvolvimento de soluções para a prevenção e gestão de catástrofes naturais, da mesma maneira, tem de entrar na pauta de discussão. Nesse sentido, após a tragédia no Vale do Taquari, em setembro de 2023, acertadamente o RS adquiriu um radar meteorológico, o que permitirá emitir alertas com mais precisão e ajudar a Defesa Civil na organização do trabalho. A instalação do equipamento no morro São João, em Montenegro, está programada para o segundo semestre.
Já no que tange a retomada do crescimento econômico, uma ação importante será demonstrar o potencial que o RS apresenta para novos negócios e, nesse cenário, a área de energia será estratégica. Dentro dessa lógica, a produção local de hidrogênio verde - combustível fabricado a partir de fontes renováveis - deverá ser uma alavanca importante.
Evidentemente serão necessários bilhões em recursos para a maior reconstrução de infraestrutura pública, residencial e de indústria pela qual o Brasil já passou. E tanto o governo federal quanto o estadual são uníssonos em afirmar que não faltarão verbas.
Agora, se o primeiro passo para a reconstrução é ter dinheiro para executá-la, o segundo será a agilidade para destravar burocracias e manter o ritmo de obras para recompor o Estado.