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Publicada em 12 de Maio de 2024 às 19:51

A atenção à saúde no RS com a tragédia climática

Editorial

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As crises humanitárias, habitacionais, de infraestrutura, de abastecimentos e de saúde no Rio Grande do Sul ainda estão longe de ter um fim. Uma centena de pessoas perdeu suas casas, milhares estão em abrigos improvisados, há dezenas de rodovias intransitáveis, várias escolas não terão condições de voltar a funcionar. Inegavelmente, as pessoas têm pressa e querem voltar à normalidade, se é que pode-se dizer que uma normalidade será possível diante do que os gaúchos vêm testemunhando nos últimos dias. Cada crise será tratada em seu tempo, mas uma, em particular, precisa de atenção: a saúde pública.
As crises humanitárias, habitacionais, de infraestrutura, de abastecimentos e de saúde no Rio Grande do Sul ainda estão longe de ter um fim. Uma centena de pessoas perdeu suas casas, milhares estão em abrigos improvisados, há dezenas de rodovias intransitáveis, várias escolas não terão condições de voltar a funcionar. Inegavelmente, as pessoas têm pressa e querem voltar à normalidade, se é que pode-se dizer que uma normalidade será possível diante do que os gaúchos vêm testemunhando nos últimos dias. Cada crise será tratada em seu tempo, mas uma, em particular, precisa de atenção: a saúde pública.
Com o sistema de saúde gaúcho sobrecarregado pelas restrições, como falta de funcionários em hospitais e postos de saúde - muitos afetados pelas cheias -, tal como alagamento em postos e hospitais - o Mãe de Deus, na Capital, continua inoperante -, os meses à frente se apresentam como um período desafiador, que demandará esforços significativos do poder público. Soma-se a isso a chegada do inverno, período comumente de lotação em emergências, sobretudo por doenças respiratórias.
Além das mortes causadas pelos alagamentos e deslizamentos de terras, o desafio será lidar com as doenças depois que a água baixar. Quando a tragédia climática teve início, o RS atravessava uma epidemia de dengue - cerca de 90 mil casos e 130 óbitos -, que pode se agravar com a elevada proliferação do mosquito transmissor.
A vacinação estava prestes a começar nos principais municípios atingidos, mas, com as ações voltadas a salvar vidas e atender as necessidades básicas da população, não ocorreu como o planejado.
Outra questão que causa particular apreensão são as águas contaminadas. Especialistas ligados a instituições da Capital já levantaram a possibilidade de ocorrer uma alta demanda de pessoas afetadas por doenças, especialmente as infectocontagiosas, além de questões sérias de saúde mental.
Profissionais e voluntários que fazem os resgates nas enchentes, assim como as pessoas resgatadas, estão mais suscetíveis a contrair leptospirose e outras doenças, como hepatite A, infecções de pele, raiva e infecções gastrointestinais.
Assim como ocorreu na pandemia de Covid-19, são grandes os desafios para o setor de saúde e para os profissionais. Entre os pontos que precisam de atenção estão a adaptação da capacidade hospitalar, a reorganização de atendimentos e a logística de aquisição de materiais, sobretudo, medicamentos. Esse é um desastre de proporções únicas, sem precedentes na história, e a saúde precisa da merecida atenção.
 

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