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Publicada em 16 de Abril de 2024 às 20:04

O possível impacto de um novo conflito no Oriente Médio

Editorial

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As ações do Irã contra Israel no fim de semana ameaçam a estabilidade do Oriente Médio e podem ter sérias implicações econômicas. De um lado, há uma pressão de aliados do premiê Benjamin Netanyahu por uma resposta aos drones e mísseis iranianos, o que pode levar a uma escalada nos conflitos na região. Por outro, há uma pressão internacional por contenção.
As ações do Irã contra Israel no fim de semana ameaçam a estabilidade do Oriente Médio e podem ter sérias implicações econômicas. De um lado, há uma pressão de aliados do premiê Benjamin Netanyahu por uma resposta aos drones e mísseis iranianos, o que pode levar a uma escalada nos conflitos na região. Por outro, há uma pressão internacional por contenção.
Economicamente, a aversão ao risco havia sido contida em certa medida com a perspectiva de que não haveria grandes escaladas, mas o cenário se alterou com as declarações do governo israelense de que irá retaliar em território iraniano.
O anúncio fez com que as bolsas da Europa fechassem em forte queda nesta terça-feira. Um dos motivos é que entre as opções de Israel, segundo especialistas em Oriente Médio, estão ciberataques e ataques direcionados a locais estatais-chave, entre os quais, a infraestrutura de petróleo iraniana. Assim, as consequências esperadas são a alta no preço dos combustíveis, a disparada do dólar e a redução no ritmo da queda de juros.
Um fator que deve ser considerado é o quanto Netanyahu quer envolver Israel em um novo conflito. A ofensiva contra o Hamas na Faixa de Gaza já dura seis meses e tem consumido bilhões em armamentos e recursos humanos. Israel acusa o Irã de ser um dos financiadores do Hamas.
Não é novo, porém, que Israel e Irã se ataquem mutuamente nos últimos 40 anos, mas sempre fizeram isso de maneira a usar intermediários. Agora, com a chuva de drones e mísseis que atingiu o território israelense - a maioria interceptada -, o mundo aguarda em que medida virá a resposta.
A ação - baseada no "direito de autodefesa", segundo o Irã - foi uma resposta a um ataque a um edifício diplomático iraniano em Damasco, na Síria, que matou sete pessoas - três delas comandantes seniores. Israel não confirma nem nega o ataque, algo que pode ser interpretado como uma autoproteção. Pelas normas internacionais, qualquer ação em consulados de outro país em um terceiro país, é inaceitável.
Para Israel, a ação do Irã mostrou quem está a seu lado. Houve um reposicionamento da Jordânia e da Arábia Saudita. Entre os velhos aliados, Grã-Bretanha e Estados Unidos reafirmaram suas posições.
O fato é que, independentemente da resposta israelense, a ação marca o posicionamento iraniano na região. Mostra que a República Islâmica está disposta a avançar algumas casas e escalar as ofensas recíprocas que ultrapassam quatro décadas.

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