Quem pegar as rodovias BRs 116 e 392 rumo à Região Sul do Estado para curtir as praias do Litoral ou da Costa Doce no Carnaval vai pagar o pedágio mais caro do Brasil. Previsto no contrato de concessão, o aumento de 28,9% na tarifa foi aprovado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em dezembro. Veículos leves que trafegarem por alguma das rodovias administradas pela Ecosul têm de pagar, a cada passagem, R$ 19,60.
A população da maioria dos municípios da Região Sul que desejar passar o Carnaval, por exemplo, em praias como as do Cassino, em Rio Grande, do Laranjal, em Pelotas, e das Nereidas, em São Lourenço do Sul, inevitavelmente terá de desembolsar no mínimo R$ 39,20, dependendo de que cidade partir. Se a ideia é sair de Porto Alegre, o valor desembolsado será de R$ 117,60, ida e volta.
O reajuste de janeiro revoltou motoristas, caminhoneiros, classe política e empresários, com as praças de pedágio sendo palco de protestos. Diante da situação, a Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) anunciou ter ingressado com uma ação judicial questionando os aumentos.
Em dezembro, a Ecosul afirmou que enviou uma proposta ao Ministério dos Transportes para renegociar o prazo de concessão por mais 15 anos - o atual vence em 2026. O pedido busca estender o acordo até 2041. A proposta inclui redução da tarifa já para este ano e novas obras na BR-392 e na ponte sobre o Canal São Gonçalo, entre Pelotas e Rio Grande.
A pressão sobre deputados estaduais e federais para que levassem à esfera superior a questão do valor da tarifa surtiu efeito. Na terça-feira, Renan Filho, ministro dos Transportes, recebeu parlamentares federais e aventou a possibilidade de prorrogar o contrato até 2029 em troca da redução da tarifa, que poderia ficar em torno de R$ 9,00.
Em 2021, a Ecosul já buscava a prorrogação da concessão. Na época, a proposta apresentada foi reduzir em 40% o valor da tarifa dos cinco pedágios, na época em R$ 12,30, e criar mais duas praças entre Pelotas e Porto Alegre.
Hoje o Estado já possui 33 pedágios distribuídos entre cinco concessionárias: CCR ViaSul, Ecosul, EGR, Caminhos da Serra e Rota de Santa Maria. A concessão de rodovias é uma prática que, quando bem feita, garante melhorias nas estradas e tarifas de pedágio aceitáveis. Entretanto, é preciso discutir a situação da Região Sul, para não prejudicar o desenvolvimento e o turismo locais.