A mobilidade urbana é um dos desafios mais urgentes que as grandes cidades enfrentam. A crescente urbanização, o trânsito e a poluição tornaram-se problemas críticos e, no contexto de crises climáticas e de uma procura maior por qualidade de vida, as bicicletas emergem como soluções eficazes. Em Porto Alegre, porém, o crescimento da utilização do modal tem ido na contramão da manutenção e expansão da malha cicloviária.
As ciclovias são um ativo valioso para a cidade. Por isso, é crucial abordar a questão da falta de conectividade entre os trechos e da pouca manutenção - reclamação constante de ciclistas.
Um exemplo é a ciclovia da avenida Ipiranga - da Orla do Guaíba até a avenida Antônio de Carvalho, no bairro Agronomia -, bloqueada nos 9,4 km de extensão devido à queda de seis taludes do Arroio Dilúvio. Os desmoronamentos são atribuídos ao excesso de chuva, mas por trás disso há a falta de manutenção.
Em 2009, foi aprovado o Plano Diretor Cicloviário Integrado para a Capital, no qual estava previsto a instalação de 495 km de ciclovia e ciclofaixas. Depois de 14 anos, ainda não foi contratada uma empresa, o que está previsto para 2024.
No Brasil, entre as 27 capitais, São Paulo, com uma população de 12,2 milhões, lidera o ranking com maior número de quilômetros de ciclovias e ciclofaixas: 689 km - 5,64 km para cada 100 mil habitantes. Porto Alegre (1,3 milhão de habitantes) fica em sexto lugar, segundo a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike).
Se o recorte for feito de outra forma, pegando somente capitais de porte semelhante, com entre 1 milhão e 2 milhões de habitantes - Curitiba (PR), Recife (PE), Belém (PA), Porto Alegre, Goiânia (GO), São Luís (MA) - Porto Alegre fica na quarta colocação, 78,67 quilômetros de malha cicloviária - 5,9 km/100 mil habitantes. Curitiba, com população de 1,8 milhão, é a primeira: 245,7 km de malha cicloviária, ou seja, 13,13 km por 100 mil. O que esses números revelam sobre Porto Alegre é a morosidade com que obras dedicadas aos ciclistas são concluídas. De outro lado, mantém-se a estratégia de expandir o sistema de compartilhamento de bicicletas.
No sábado passado, a empresa responsável e a prefeitura anunciaram a chegada de 500 bicicletas elétricas ao sistema, que passou a ter 1.000 bikes e 100 estações. O objetivo é expandir as possibilidades de deslocamento, ajudar a cidade a cumprir suas metas sustentáveis e qualificar a mobilidade urbana.
Obviamente, oferecer mais bicicletas é uma excelente forma para que isso ocorra, mas é importante reconhecer que as ciclovias de Porto Alegre enfrentam desafios.