Agropecuária e indústria: estímulos ao PIB do RS

Dados do terceiro trimestre inevitavelmente serão impactados pelos efeitos climáticos adversos

Por JC

Editorial
O Produto Interno Bruto (PIB) de um Estado é um importante indicador de desenvolvimento econômico. E o mais recente dado do Rio Grande do Sul, referente ao segundo trimestre de 2023, mostra que a atividade econômica cresceu, superando as adversidades causadas por duas estiagens seguidas. A alta, inclusive, foi superior à registrada no Brasil no mesmo período (0,9%).
Entre abril e junho, a economia gaúcha verificou aumento de 2,3% na comparação com o trimestre anterior, puxada, determinantemente, pela agropecuária (4,1%) e pela indústria (3,3%). No agro, os produtos que apresentaram o maior incremento foram a soja (36%) e o milho (31,8%). O aspecto negativo ficou por conta do arroz, com redução de -8%. A exceção no crescimento foi o setor de serviços, com o Brasil subindo mais do que o Rio Grande do Sul: 0,6% contra 0,4%.
No acumulado do primeiro semestre, o PIB gaúcho cresceu 4,5% em relação ao período de janeiro a junho do ano anterior, com destaque para a expansão na agropecuária (29,8%) e nos serviços (3%). A indústria apresentou retração de 5,9%. No Brasil, a economia registrou alta de 3,7% no período.
Se em 2022, a estiagem que atingiu o RS, especialmente nos meses de verão, impactou os números da economia gaúcha, que apresentou queda de 5,1%, neste ano, o aumento pode ser afetado pelo excesso de chuva neste segundo semestre.
Os dados do terceiro trimestre - julho, agosto e setembro - inevitavelmente serão impactados pelos efeitos climáticos adversos que resultaram em prejuízos aos municípios gaúchos, principalmente no Vale do Taquari. A região representa 3,5% do PIB gaúcho, mas quando se leva em conta a produção de suínos e aves, é algo em torno de 21%.
As enchentes de setembro geraram um prejuízo estimado em R$ 220 milhões às indústrias de aves e derivados. Ao menos seis plantas sofreram danos atrelados a estruturas, aviários e mortalidade de animais, além de perdas com máquinas e equipamentos. Quando se soma o setor suíno, as perdas ultrapassam R$ 300 milhões. Ambos os segmentos ainda tentam reorganizar as atividades.
Levantamento da Emater indica que pelo menos 29,3 mil animais - entre bovinos de corte e de leite, suínos e aves - morreram nas enchentes em 50 municípios, totalizando quase 11 mil propriedades.
Outro segmento importante e que sofreu perdas consideráveis no Vale do Taquari é o da indústria alimentícia, que representa 11% da contribuição do setor no RS. Algumas fábricas tiveram de parar totalmente a produção.