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A necessidade de se preparar para novos eventos climáticos
É preciso treinar a população brasileira para levar a sério avisos sobre eventos climáticos extremos
O Brasil não tem terremotos, tufões ou furacões. É um país privilegiado nesses quesitos. A situação, porém, está mudando. A elevada ocorrência de desastres naturais, bem como a complexidade e o efeito cumulativo dessas emergências, têm aumentado o número de pessoas e bens afetados por desastres naturais, com perdas econômicas e com um número cada vez maior de vítimas no País. E a tragédia no Vale do Taquari é uma mostra do que a natureza é capaz.
Nesse cenário, é premente ampliar a capacidade nacional, de estados e municípios para enfrentar essas situações, com prioridade para a criação de uma agenda pública e de uma força de assistência humanitária. É comum ouvir que não se pode comparar o Brasil com outros países, devido ao tamanho e às desigualdades sociais e econômicas.
É verdade que o País tem vários "países" em seu território, mas com organização, treinamento de lideranças comunitárias, de profissionais da saúde e trabalhando prevenção, é possível minimizar os danos. O desafio governamental é, justamente, administrar esses riscos com eficácia.
Em 2011, depois da grave situação de inundações na região serrana do Rio de Janeiro - o maior desastre natural da história do Brasil, com mais de 900 mortos -, o governo federal criou o Protocolo Nacional Conjunto para a Proteção Integral em Situação de Riscos e Desastres, cujo objetivo é dar subsídios aos gestores estaduais, municipais e distritais para garantir parâmetros de atuação uniformes de proteção a crianças e adolescentes, pessoas idosas e pessoas com deficiência. Alguns estados possuem protocolo de prevenção e resposta rápida a catástrofes e desastres naturais, que definem as medidas e os recursos a serem empregados.
No Japão, onde há terremotos e tufões, a população tem treinamentos regulares de como reagir e as crianças são ensinadas na escola. Além disso, o país faz campanhas frequentes de informação e os meios de comunicação trabalham com alertas incessantes.
Antes das enchentes no Vale do Taquari, alertas meteorológicos sobre o volume e a intensidade da chuva foram disparados. Obviamente, não se pode culpar a população. Falta consciência individual e coletiva sobre desastres naturais, porque o brasileiro não é treinado para acreditar, para levar a sério avisos do tipo.
É uma questão que deve ser melhor trabalhada. As mudanças climáticas já são realidade, e não podem ser ignoradas, pois causarão, conforme cientistas, cada vez mais eventos extremos - tempestades tropicais, inundações, ondas de calor, seca etc. - com graves consequências para as populações e o meio ambiente.