Brics, novos membros e uma possível mudança no perfil

Nos últimos anos, o Brics tem ganhado força ao promover acordos de cooperação mútua e de desenvolvimento

Por JC

Editorial
A cúpula do Brics, que começou na terça-feira na África do Sul, é vista como a mais importante dos últimos anos. Isso porque está na mesa a expansão do grupo, hoje composto pelo país-sede mais Brasil, Rússia, Índia e China. A depender dos que ingressarem, a consequência pode ser uma mudança no perfil político e uma contraposição aos Estados Unidos e ao G-7, grupo das sete maiores economias mundiais.
Entre os mais de 20 candidatos a entrar no clube, há países que antagonizam com Washington, como Venezuela, Cuba, Irã e Bielorrússia, uma forte aliada de Moscou na guerra contra a Ucrânia. A lista de postulantes inclui ainda as monarquias de Arábia Saudita e Emirados Árabes, Argentina e Bolívia, Indonésia e importantes nações africanas como Egito e Nigéria.
A ampliação é um projeto de longa data impulsionado pela China, que tem visto crescer sua capacidade de influenciar o tabuleiro internacional, mas enfrentava resistência dos demais sócios. Entre os integrantes, o Brasil é o único a dizer que novas adesões podem desfigurar o Brics. Um dos motivos é que muitos membros poderiam diluir a influência do País. Mas a verdade é que o Brics não tem um critério formal de filiação. Seu objetivo é a promoção de medidas de crescimento econômico e desenvolvimento socioeconômico sustentável entre os países emergentes.
Quando criado, em 2009, as nações, de fato, impulsionaram suas economias, até então em um cenário global de estagnação. A exceção era a China, que apresentava taxas de crescimento elevadíssimas.
Em 2011, a África do Sul passou a integrar o grupo, o que de fora foi visto com desconfiança, já que o país é muito menor do que os outros Brics em termos de economia, território e população. O ingresso foi mais uma jogada política, devido à representatividade regional, do que por similaridade com os outros países.
Nos últimos anos, o Brics tem ganhado força ao promover acordos de cooperação mútua e constituir um banco de desenvolvimento. Hoje, as economias do grupo concentram 42% da população do planeta e somam 26% do PIB global, fechando 2022 com US$ 25,8 trilhões. Os países do grupo são ricos em recursos naturais, com grandes reservas de petróleo, gás natural, minério de ferro, ouro, água, entre outras riquezas.
O Brasil tem mostrado disposição para novos membros, desde que haja regras para embasar as incorporações e que os novos sócios firmem compromissos. Agora é aguardar pelas negociações para ver quem cederá, já que nenhum membro quer perder capital político.