A empresa Ultragaz aproveitou o recente South Summit Brazil realizado em Porto Alegre para assinar um termo de engajamento com o governo gaúcho adiantando a intenção de realizar um aporte de R$ 100 milhões no Rio Grande do Sul. A maior parte desse investimento, adianta o diretor de Desenvolvimento da Ultragaz, Aurélio Ferreira, será voltada para a montagem da operação de fornecimento de biometano (biogás purificado) no Estado. O executivo comenta que a atividade já atenderá pelo menos três clientes, a partir do segundo semestre deste ano, que representarão uma demanda de aproximadamente 1 milhão de metros cúbicos ao mês do biocombustível.
Jornal do Comércio (JC) - Qual será o principal direcionamento do investimento de cerca de R$ 100 milhões da Ultragaz no Rio Grande do Sul?
Jornal do Comércio (JC) - Qual será o principal direcionamento do investimento de cerca de R$ 100 milhões da Ultragaz no Rio Grande do Sul?
Aurélio Ferreira - O termo do engajamento (firmado com o governo gaúcho) tem um foco muito grande no biometano. Esse biocombustível seria o equivalente ao gás natural, mas o gás natural é fóssil e o biometano é produzido, no caso, a partir de resíduos orgânicos e o grande potencial que a gente está voltado agora é o material vindo de aterros. Temos aterros parceiros assinados com a gente, um em Minas do Leão e outro em São Leopoldo. Estamos falando de uma economia circular, que vai pegar o lixo urbano e, além de não gerar CO2, evita as emissões de metano para a atmosfera, transformado em energia para as indústrias. O biometano tem um grande potencial no Estado, não só pelos aterros, mas também na área agrícola.
JC - A maior parte do investimento então será em equipamentos e na formatação da operação?
JC - A maior parte do investimento então será em equipamentos e na formatação da operação?
Ferreira - Exatamente. Para construir essa infraestrutura, para descarbonizar os clientes e fazer toda a logística de operação do biometano. São equipamentos sofisticados, de alta pressão, que têm que ter um investimento grande.
JC - Qual será o destino comercial do biocombustível?
JC - Qual será o destino comercial do biocombustível?
Ferreira - Na verdade, temos um cliente que já está implantando, que é a Stihl (o presidente da Stihl Brasil, Cláudio Guenther, havia adiantado ao Jornal do Comércio, durante o evento Marcas de Quem Decide, o plano de trocar o uso do gás natural por biometano), na unidade que fica em São Leopoldo. Ela já está em montagem e há outros dois clientes importantes contratados (um na Serra gaúcha e outro na região Metropolitana de Porto Alegre, que ainda não podem ser divulgados), que vão entrar na sequência. No segundo semestre, esses três clientes vão estar operando e a gente já vai fornecer 1 milhão de metros cúbicos de biometano por mês. Isso vai poder eliminar, aproximadamente, 2 mil toneladas de CO2 por mês, só com esses três clientes.
JC - Qual será a perspectiva futura desse mercado?
JC - Qual será a perspectiva futura desse mercado?
Ferreira - Esse é só o primeiro passo que daremos no segundo semestre, mas tem vários outros clientes que estão em tratativas. A gente vê muito potencial, mas a questão da velocidade (de desenvolvimento de mercado) depende de autorizações e curva de produção dos aterros. Mas, já está acontecendo, já tem cliente assinado e vamos começar o processo de abastecimento em poucos meses, é uma curva de crescimento.
JC - O que exatamente compete à Ultragaz nessa operação com o biometano?
JC - O que exatamente compete à Ultragaz nessa operação com o biometano?
Ferreira - Os aterros produzem o gás e os clientes precisam de uma solução energética. A gente (Ultragaz) vai no cliente, desenvolve a solução do biometano e transporta esse gás do produtor até o cliente, onde também implementamos a tecnologia (de uso do biocombustível). Pegamos esse gás no produtor, colocamos em uma carreta em altíssima pressão, essas carretas são nossas, todas montadas por nós, levamos até o cliente e lá a gente monta toda a central, a solução completa.
JC - O biometano possui um custo competitivo?
JC - O biometano possui um custo competitivo?
Ferreira - A molécula de biometano tem um valor agregado. Porque ela contribui para a descarbonização dos processos das empresas. Então, o biometano tem um valor premium em relação ao custo do gás natural fóssil. Essas companhias têm essa necessidade, esse requisito, de buscar um produto com pegada de carbono menor. Esse segmento de empresas, que têm esse objetivo de descarbonização, está disposto a pagar um pouquinho a mais.
JC - Além do biometano, a companhia está apostando em outros biocombustíveis ou energéticos?
JC - Além do biometano, a companhia está apostando em outros biocombustíveis ou energéticos?
Ferreira – A Ultragaz, desde 2019, vem revendo a estratégia para ser uma empresa de energia. Além do GLP (gás de cozinha), no Rio Grande do Sul, a gente está investindo nas demais frentes que são outras energias. No começo do ano passado, fizemos a primeira comercialização de BioGLP na América Latina. O BioGLP é o mesmo GLP, mas em vez de ser produzido do petróleo, ele foi produzido a partir do óleo de soja. Gerou-se um GLP com carbono praticamente neutro, a partir de matérias orgânicas.
JC - Esse produto já foi testado no mercado?
Ferreira - Testamos ele em várias indústrias no Rio Grande do Sul, na Pettenati, que fica em Caxias do Sul, na BioCitrus, em Montenegro, e na Artecola, em Campo Bom. São todas empresas que têm produtos padrão exportação, então elas queriam experimentar um BioGLP, porque esses produtos de exportação têm os requisitos ambientais, precisam ser gerados com energia limpa. Foi testado com bastante sucesso, então acho que é uma grande experiência que a gente teve durante o ano de 2024 e agora estamos trabalhando com a Refinaria Riograndense (que fica em Rio Grande e produziu o biocombustível) para transformar isso, no futuro, em uma coisa mais contínua. Uma operação mais comercial e que não vai atender somente ao Rio Grande do Sul, mas “exportar” isso para outros estados do Brasil.
JC - Há quanto tempo a Ultragaz atua no Rio Grande do Sul
JC - Esse produto já foi testado no mercado?
Ferreira - Testamos ele em várias indústrias no Rio Grande do Sul, na Pettenati, que fica em Caxias do Sul, na BioCitrus, em Montenegro, e na Artecola, em Campo Bom. São todas empresas que têm produtos padrão exportação, então elas queriam experimentar um BioGLP, porque esses produtos de exportação têm os requisitos ambientais, precisam ser gerados com energia limpa. Foi testado com bastante sucesso, então acho que é uma grande experiência que a gente teve durante o ano de 2024 e agora estamos trabalhando com a Refinaria Riograndense (que fica em Rio Grande e produziu o biocombustível) para transformar isso, no futuro, em uma coisa mais contínua. Uma operação mais comercial e que não vai atender somente ao Rio Grande do Sul, mas “exportar” isso para outros estados do Brasil.
JC - Há quanto tempo a Ultragaz atua no Rio Grande do Sul
Ferreira - A Ultragaz trabalha no Estado há mais de 25 anos. A gente tem uma base em Canoas, que é uma base de operação de GLP em que atendemos o segmento domiciliar, com o chamado gás de cozinha, assim como a área empresarial, em diversos segmentos da indústria, e também na parte de comércios e serviços, como restaurantes e hotéis, que operamos na modalidade à granel.
JC - Como foi a atividade da empresa no Estado durante as enchentes do ano passado?
JC - Como foi a atividade da empresa no Estado durante as enchentes do ano passado?
Ferreira - A gente fez quase uma operação de guerra, porque o GLP tem uma operação logística muito intensa. Nós garantimos o abastecimento da população com toda aquela situação caótica. Tivemos que trabalhar com apenas metade dos nossos funcionários, havia rotas fechadas, tivemos que trazer produto do Paraná e de Santa Catarina para abastecer o Rio Grande do Sul. Depois ajudamos as revendas, os funcionários a se mobilizarem, apoio financeiro e de material, e com cozinhas comunitárias, com vários botijões.