O mercado de trabalho deve seguir aquecido no Estado durante o primeiro semestre deste ano. A previsão é da economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, que atribui a tendência de crescimento a uma série de fatores: “safra correndo que, mesmo com a queda produtiva em função da estiagem, movimenta muito a indústria, especialmente de máquinas, equipamentos”, afirma Patrícia. Além disso, o aumento do salário-mínimo também tende a manter aquecido o primeiro semestre, além dos mecanismos do governo federal como os R$ 12 bilhões para serem usados através do saque do FGTS e o crédito consignado com setor privado.
“O governo não está deixando a economia desacelerar, pois, no ano que vem, tem eleição, por isso vemos um monte de coelho saindo da cartola, que funcionam como amortecedores do processo de desaceleração”, afirma Patrícia. Por outro lado, no segundo semestre, o mercado de trabalho deve perder força, mas, conforme a economista, não haverá uma crise do emprego. “Vamos ver até que ponto essa desaceleração vai, de fato, se efetivar e em que medida”, complementa.
A tendência de alta se verificou desde fevereiro deste ano, quando a taxa de empregabilidade teve crescimento recorde. “Os números de fevereiro surpreenderam muito, foi o melhor de toda a série histórica do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Talvez se explique pela economia com desaceleração menor do que a esperada”, diz Patrícia. A expansão se verificou em todos os setores, mas o de serviços foi o que mais se destacou, uma vez que se trata de um setor com mão de obra mais intensa. “Em termos relativos quem mais gerou empregos foi a construção civil, mas serviços foi o que mais gerou disparado em termos absolutos."
Os dados apontam que, em fevereiro, o setor da construção civil registrou um saldo líquido de empregos Rio Grande do Sul de 1.375 vagas (0,98%). No acumulado do ano (janeiro a fevereiro), no Estado o incremento de vagas foi 2.572. No setor de serviços, no Rio Grande do Sul, o saldo líquido de empregos em fevereiro foi de 12.954 vagas (1,06%). No acumulado do ano (janeiro a fevereiro) foi de 16.655.
O assessor jurídico da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Álvaro Moreira, conta que o setor primário tem demanda de mão de obra constante, uma vez que cada vez menos pessoas residem na zona rural. O movimento de contratações aumenta especialmente para a colheita de culturas que não podem ser feitas com o uso de máquinas, como a da uva, maçã e fumo. “É bem comum a contratação de safristas, em culturas que se caracterizam pela sazonalidade e que podem acarretar elevação na contração formal de mão de obra”, afirma. Moreira acrescenta que o trabalho terceirizado também tem aumentado nas situações em que as famílias não conseguem realizar o processo de sucessão rural, já que os jovens, muitas vezes, preferem seguir carreira na cidade grande. “A sucessão rural é maior empecilho para uma propriedade rural ter sequência na atividade, pois a cada dez propriedade, seis não terão sucessão”, afirma.