O GPA (Grupo Pão de Açúcar) caiu para a quinta posição no ranking das maiores redes do varejo alimentar do País, publicado anualmente pela Abras (Associação Brasileira de Supermercados). O grupo registrou vendas de R$ 20,04 bilhões no ano passado, enquanto o Supermercados BH, atual quarto colocado, avançou para R$ 21,27 bilhões de faturamento.
Em 2023, o Grupo Mateus, do Maranhão, com atuação no Nordeste e Norte do País, já havia passado à frente do Pão de Açúcar, conquistando o terceiro lugar no ranking Abras. Desta vez, o Supermercados BH, criado em 1996 e com presença restrita ao mercado mineiro, superou a rede fundada em 1948 pelo imigrante português Valentim dos Santos Diniz.
O faturamento do setor de supermercados foi de R$ 1,067 trilhão em 2024, equivalente a 9,12% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo dados do ranking da Abras 2025, divulgado na noite desta segunda-feira (14).
Não houve mudanças entre as três primeiras posições do ranking em relação ao ano anterior: Carrefour, Assaí e Grupo Mateus, nessa ordem, são as três maiores redes do varejo alimentar no País. O Carrefour manteve a liderança na pesquisa pelo nono ano consecutivo, com faturamento de R$ 120,5 bilhões em 2024.
Já o Assaí Atacadista, com R$ 80,5 bilhões em vendas no ano passado, foi o que mais cresceu em faturamento no ano (incremento de R$ 7,78 bilhões), seguido pelo Grupo Mateus, que avançou R$ 6,14 bilhões, para atingir vendas brutas de R$ 36,3 bilhões em 2024.
Disputa de poder na antiga rede da família Diniz
Em março de 2024, o grupo francês Casino deixou de ser controlador do GPA, posição que ocupava desde 2012, um ano antes da saída do empresário Abílio Diniz, filho do fundador, depois de uma intensa disputa acionária. Altamente endividado, o Casino está em recuperação judicial na França e vem abrindo mão de sua participação no grupo brasileiro.
Hoje os franceses continuam como o principais acionistas, com 22,5% de participação, mas o investidor Nelson Tanure, que comprou a rede Dia de supermercados no ano passado, adquiriu uma fatia de 9% no grupo.
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O fundo Saint German, controlado por Tanure, solicitou ao GPA a convocação de uma assembleia geral extraordinária para destituir o atual conselho de administração e eleger novos membros, incluindo executivos indicados por ele.
Rafael Ferri, fundador da GTF Capital, com 1,2% do capital, também vem articulando alianças com outros fundos para atingir 8% de participação, a fim de garantir presença na assembleia da varejista, marcada para 5 de maio. Ferri se aliou ao grupo Coelho Diniz, dono de supermercados no interior de Minas Gerais. Em 2024, o GPA registrou prejuízo líquido de R$ 2,41 bilhões, superior às perdas de R$ 2,27 bilhões do ano anterior.
Entre as dez maiores redes de supermercados, mais uma inversão de lugares: o Cencosud perdeu espaço para o mineiro Mart Minas Atacado e Varejo, que alcançou a oitava posição, com faturamento anual de R$ 11,43 bilhões. Já o chileno Cencosud, dono das bandeiras GBarbosa, Mercantil Atacado, Bretas, Perini, Prezunic, SPID e Giga Atacado, somou vendas de R$ 11,23 bilhões, em nono lugar.
Destaque também para o avanço da Plurix, controlada pelo fundo Pátria, que passou do 19º para o 11º lugar, com faturamento de R$ 9,37 bilhões. O grupo supermercadista reúne redes regionais, que somam cerca de 180 lojas. No ano passado, a Plurix comprou o Grupo Amigão, dono de lojas em São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Em 2023, adquiriu o controle do Atakadão Atakarejo, da Bahia. Em 2022, comprou o Supermercados Avenida, do interior paulista. No seu portfólio, também estão bandeiras como Superpão, Boa Supermercados, Compre Mais, Empório Dom Olívio e Paraná Supermercados.
De acordo com a Abras, os supermercados geraram no ano passado mais de 9 milhões de postos diretos e indiretos de emprego no País. O número de lojas no País cresceu 2,3% no período, passando de 414,6 mil para 424,1 mil unidades, que recebem diariamente cerca de 30 milhões de consumidores.
"Os resultados deste ano reforçam nossa importância estratégica, destacando a força e a capacidade de crescimento contínuo de um setor vital para a economia e para a população brasileira", disse João Galassi, presidente da Abras, em comunicado.
Agências