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Publicada em 14 de Abril de 2025 às 18:12

'O mercado ainda não acordou para o público sênior', diz especialista em economia prateada

Na avaliação de Serapião, as empresas brasileiras precisam construir um ambiente de trabalho multigeracional, a fim de aproveitar o potencial promovido pelo aumento da expectativa de vida.

Na avaliação de Serapião, as empresas brasileiras precisam construir um ambiente de trabalho multigeracional, a fim de aproveitar o potencial promovido pelo aumento da expectativa de vida.

EVANDRO OLIVEIRA/JC
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Miguel Campana
Miguel Campana Repórter
Palestrante na tarde desta segunda-feira (14) no Tecnopuc, em Porto Alegre, o fundador da Labora Tech, Sérgio Serapião, conversou com o Jornal do Comércio sobre a economia prateada, modelo econômico que incentiva a integração do público sênior aos mercados de trabalho e consumidor e que foi o tema central do evento Summit+60, realizado por Sebrae RS e Sesc. O encontro tratou sobre as oportunidades e os desafios da economia prateada, sob a ótica do empreendedor e do consumidor. 
Palestrante na tarde desta segunda-feira (14) no Tecnopuc, em Porto Alegre, o fundador da Labora Tech, Sérgio Serapião, conversou com o Jornal do Comércio sobre a economia prateada, modelo econômico que incentiva a integração do público sênior aos mercados de trabalho e consumidor e que foi o tema central do evento Summit+60, realizado por Sebrae RS e Sesc. O encontro tratou sobre as oportunidades e os desafios da economia prateada, sob a ótica do empreendedor e do consumidor. 
Na avaliação de Serapião, a reinserção dos idosos nas empresas representaria a construção de um ambiente de trabalho multigeracional, que serviria para aproveitar o potencial promovido pelo aumento da expectativa de vida. 
Jornal do Comércio - Qual é a importância da economia prateada para o Brasil?

Sérgio Serapião - Historicamente, a sociedade brasileira nunca deu muita atenção para o público mais velho, tanto como consumidor quanto como força de trabalho. Até não muito tempo atrás, o idoso passava por um processo de saída da vida de trabalho e social.
Nos últimos anos, como aumentou a expectativa de vida da sociedade, as pessoas começaram a manter sua capacidade profissional e social por mais tempo. O idoso passou a ser consumidor e também uma força de trabalho em potencial. Mas o mercado ainda não acordou para esse público. Os idosos com mais de 50 anos representam 26% da população brasileira, mas somente entre 5% e 8% da força de trabalho. Nós estamos jogando fora essa potência de consumo e de trabalho que a longevidade nos trouxe. É importante falarmos sobre a economia prateada para que a sociedade possa fazer valer essa força que está disponível hoje.

JC - Quais medidas devem ser adotadas pelos governos para adaptar a economia à nova dinâmica populacional da sociedade brasileira?
Serapião - O Brasil ainda está muito incipiente na discussão sobre o envolvimento governamental na economia prateada. A Inglaterra, por exemplo, tem feito um esforço enorme nos últimos anos para conscientizar as empresas do potencial da força de trabalho 50+, especialmente com a consideração da tecnologia. Tradicionalmente, a sociedade enxerga um antagonismo entre pessoas mais velhas e tecnologia. No entanto, cada vez fica mais claro que os avanços da tecnologia e da Inteligência Artificial vão favorecer muito o trabalho e o empreendedorismo. Os governos de Portugal e Espanha também estimulam que empresas desenvolvam produtos e serviços apropriados para a população idosa.

JC - Quais estratégias devem ser tomadas pelas empresas para integrar o público sênior ao mercado, tanto do ponto de vista comercial quanto comunicacional?
Serapião - Produtos e serviços historicamente têm sido desenhados por jovens para jovens. Por causa disso, existe uma demanda de adaptação para pessoas mais idosas. Para nós conseguirmos ter um bom produto, precisamos ter um desenho de experiência para todas as idades, o que nunca aconteceu. Então tem um desafio muito grande na questão do desenho de produtos e serviços, e também na discussão sobre força de trabalho. É preciso construir um ambiente de trabalho multigeracional. Quando a empresa se adequa à força de trabalho de diferentes idades, conseguimos tirar o melhor que ela pode nos dar.
JC - Enquanto a economia prateada prega a valorização do público 50+ tanto como trabalhador quanto como consumidor, existe no mercado uma tendência de renovação constante da força de trabalho, em detrimento dos funcionários com mais idade. Como convencer as empresas a adotarem a economia prateada?
Serapião - A sociedade está vivendo um momento em que as empresas ainda pensam de forma tradicional, acreditando que a força de trabalho mais jovem é melhor que a mais velha. No momento atual, de disrupção muito grande das carreiras por conta das mudanças demográficas e do avanço das tecnologias, nós temos a oportunidade de efetivamente verificar como cada geração vai conseguir contribuir para o trabalho. Quando falamos de Inteligência Artificial, as pessoas mais velhas conseguem fazer perguntas mais complexas pela sua experiência de vida do que as pessoas recém-chegadas ao mercado de trabalho. Isso não quer dizer que haverá uma briga de gerações, mas que os jovens poderão ter um desempenho melhor em outras posições. É um momento de possibilidades muito grandes que estão se abrindo.

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