Prestes a completar um ano das enchentes, um dos setores que ainda não se recuperou dos impactos da catástrofe climática no Rio Grande do Sul foi o ferroviário. O assunto foi discutido em audiência pública promovida nesta quarta-feira (9) pela Comissão de Economia da Assembleia Legislativa.
O evento proposto pelo deputado estadual Miguel Rossetto (PT) serviu, de acordo com o parlamentar, para mostrar a gravidade da situação que se encontra o Estado quanto ao atendimento do modal ferroviário. “O Rio Grande do Sul, hoje, não tem conexão com o Brasil por ferrovia”, frisa o deputado. Ele detalha que esse cenário se deve pela falta de manutenção de trechos, como a ligação Lages (SC) e Roca Sales (RS), afetados depois das enchentes.
Também foi destacado que o Rio Grande do Sul possui uma malha de aproximadamente 3,3 mil quilômetros de linhas e ramais ferroviários e, atualmente, cerca de 1,5 mil quilômetros estão desativados ou com atividades suspensas. Rossetto cita como exemplo de dificuldade enfrentada no pós-enchente o caso da empresa Braskem, que antes das cheias trazia por ferrovia para o Estado o etanol necessário para fabricar o polietileno verde. Como os trens que traziam o álcool para o Rio Grande do Sul não tinham mais condições de chegar ao polo petroquímico de Triunfo, o transporte do líquido começou a ser feito pelo modal rodoviário. Isso, aponta o deputado, significou 12 mil caminhões rodando ao ano para suprir essa demanda.
Rossetto enfatiza que a situação das ferrovias já era precária e somente piorou com as enchentes. Ele considera que a estrutura férrea da região Sul do País foi abandonada pela atual concessionária, a empresa Rumo. A companhia detém a concessão da malha ferroviária gaúcha até 2027. Para Rossetto, é uma responsabilidade dos governos e dos órgãos reguladores que uma nova concessão não possibilite a falta de investimentos.
Uma nova audiência sobre o assunto ferrovias deverá acontecer em junho, na Assembleia Legislativa. Em nota, a Rumo manifestou que “dada a complexidade e abrangência da situação, a empresa segue em diálogo com o governo federal (poder concedente) e demais autoridades competentes do setor para avaliação conjunta do cenário”.