Considerado como o combustível do futuro, o hidrogênio verde tem despertado o interesse de diversas nações. Para o especialista internacional em energias renováveis e descarbonização e Senior Advisor na LAC Clean Hydrogen Action Alliance, Eric Daza, o Brasil está mais adiantado que os outros países latino-americanos na disputa do protagonismo nesse setor. Entre os fatores que contribuem para essa situação, ele cita o acesso a fontes de energia renováveis (necessárias para a produção do combustível e sua classificação como ‘verde’) e a disponibilidade de mercado consumidor interno e de exportação. Daza participará nesta terça (8) e quarta-feira (9) do no evento RENMAD Brasil 2025, em São Paulo.
Jornal do Comércio (JC) - Qual a sua avaliação do posicionamento do Brasil no desenvolvimento do mercado de hidrogênio verde global?
Eric Daza - Eu vejo o Brasil, em relação aos outros países da América Latina, como muito mais avançado. A gente tem potencial (de energia) renovável, recursos humanos e mercado interno potente. Com acesso a capital e vontade política, os projetos vão avançar. O nosso País está muito bem em relação aos vizinhos e há vários estados com potencial teórico e o Rio Grande do Sul é um deles.
JC - Que países viriam logo atrás do Brasil nesse campo?
Daza - Chile e Colômbia. O primeiro tem um custo solar muito baixo, um dos menores do mundo. Já a Colômbia tem uma estrutura regulatória muito estável.
JC - Quais serão os próximos passos para a concretização de um mercado nacional de hidrogênio verde?
Daza - O ano passado foi marcante para o País. A gente aprovou o marco do hidrogênio, que estabeleceu R$ 18 bilhões em subsídios, um recorde quanto a países em desenvolvimento. Nenhuma nação da América latina tem isso, somente países desenvolvidos possuem isso. A gente aprovou também um regulamento chamado de Combustível do Futuro que inclui o hidrogênio, assim como uma série de outras políticas. Acredito que neste ano vai surgir a primeira decisão final de investimento em um empreendimento de larga escala. Assim, se espera que até 2029 já exista uma planta em operação com escala comercial, mas é algo que passa por essa decisão de investimento.
JC - Quanto aos estados, como está essa questão da corrida do hidrogênio verde?
Daza - As oportunidades estão onde há fontes renováveis de energia de baixo custo. Basicamente, são o Rio Grande do Sul, que tem alto potencial eólico, e os estados do Nordeste. Ali estão as oportunidades para instalar plantas.
JC - E quais são os obstáculos a serem superados?
Daza - Ainda é uma tecnologia nova e tem a questão de custos. Muitos lugares estão se adiantando, estabelecendo um hub, para que, conforme o custo for caindo, esses hubs já estejam estabelecidos.
JC - Dentro dessa competição, vai ter espaço para todo mundo?
Daza - Hoje, a imagem é de que há espaço para todo mundo, só que é uma indústria de escala. Ou seja, uma planta de amônia verde, que é um subproduto do hidrogênio verde, ela custa R$ 4 bilhões, R$ 5 bilhões, R$ 6 bilhões, então não tem como ter 20 plantas espalhadas. O que está acontecendo? Quem se posicionar antes, vai se estabelecer antes. Alguns estados do Nordeste estão muito bem colocados, se destacando e buscando parcerias. Por exemplo, o Ceará já tem parcerias com os governos da Alemanha e Holanda. É uma corrida para ver quem chega antes.
JC - Faz sentido o Rio Grande do Sul se voltar mais para a produção de amônia verde já que tem uma vocação agrícola que pode aproveitar esse fertilizante?
Daza - Total sentido. No caso de fertilizantes, a única forma de descarbonizar é com o hidrogênio verde. O ponto hoje é custo e a gente observa que não é o produtor que vai pagar isso e sim as empresas de manufatura. Então, uma companhia que faz salgadinho, à base de milho, precisa estar disposta a pagar esse valor adicional, usando o fertilizante verde. O diferencial do Rio Grande do Sul seria aproveitar a demanda da indústria química e de fertilizantes, seria uma vantagem em relação aos outros estados. Mas, novamente, é uma corrida. A gente não vai ter 20, dez ou oito fábricas de fertilizantes no País, serão uma ou duas.
JC - Qual será a principal fonte de energia a alimentar projetos de hidrogênio verde, a solar ou a eólica?
Daza - Dependerá da região, do lugar. Os projetos podem ser puramente eólicos, solar ou com as duas fontes ao mesmo tempo. Atualmente, os projetos eólicos são um pouco mais baratos que os solares. Mas isso vai mudar, porque a curva de custo da solar continua caindo em uma velocidade maior que a eólica.
Jornal do Comércio (JC) - Qual a sua avaliação do posicionamento do Brasil no desenvolvimento do mercado de hidrogênio verde global?
Eric Daza - Eu vejo o Brasil, em relação aos outros países da América Latina, como muito mais avançado. A gente tem potencial (de energia) renovável, recursos humanos e mercado interno potente. Com acesso a capital e vontade política, os projetos vão avançar. O nosso País está muito bem em relação aos vizinhos e há vários estados com potencial teórico e o Rio Grande do Sul é um deles.
JC - Que países viriam logo atrás do Brasil nesse campo?
Daza - Chile e Colômbia. O primeiro tem um custo solar muito baixo, um dos menores do mundo. Já a Colômbia tem uma estrutura regulatória muito estável.
JC - Quais serão os próximos passos para a concretização de um mercado nacional de hidrogênio verde?
Daza - O ano passado foi marcante para o País. A gente aprovou o marco do hidrogênio, que estabeleceu R$ 18 bilhões em subsídios, um recorde quanto a países em desenvolvimento. Nenhuma nação da América latina tem isso, somente países desenvolvidos possuem isso. A gente aprovou também um regulamento chamado de Combustível do Futuro que inclui o hidrogênio, assim como uma série de outras políticas. Acredito que neste ano vai surgir a primeira decisão final de investimento em um empreendimento de larga escala. Assim, se espera que até 2029 já exista uma planta em operação com escala comercial, mas é algo que passa por essa decisão de investimento.
JC - Quanto aos estados, como está essa questão da corrida do hidrogênio verde?
Daza - As oportunidades estão onde há fontes renováveis de energia de baixo custo. Basicamente, são o Rio Grande do Sul, que tem alto potencial eólico, e os estados do Nordeste. Ali estão as oportunidades para instalar plantas.
JC - E quais são os obstáculos a serem superados?
Daza - Ainda é uma tecnologia nova e tem a questão de custos. Muitos lugares estão se adiantando, estabelecendo um hub, para que, conforme o custo for caindo, esses hubs já estejam estabelecidos.
JC - Dentro dessa competição, vai ter espaço para todo mundo?
Daza - Hoje, a imagem é de que há espaço para todo mundo, só que é uma indústria de escala. Ou seja, uma planta de amônia verde, que é um subproduto do hidrogênio verde, ela custa R$ 4 bilhões, R$ 5 bilhões, R$ 6 bilhões, então não tem como ter 20 plantas espalhadas. O que está acontecendo? Quem se posicionar antes, vai se estabelecer antes. Alguns estados do Nordeste estão muito bem colocados, se destacando e buscando parcerias. Por exemplo, o Ceará já tem parcerias com os governos da Alemanha e Holanda. É uma corrida para ver quem chega antes.
JC - Faz sentido o Rio Grande do Sul se voltar mais para a produção de amônia verde já que tem uma vocação agrícola que pode aproveitar esse fertilizante?
Daza - Total sentido. No caso de fertilizantes, a única forma de descarbonizar é com o hidrogênio verde. O ponto hoje é custo e a gente observa que não é o produtor que vai pagar isso e sim as empresas de manufatura. Então, uma companhia que faz salgadinho, à base de milho, precisa estar disposta a pagar esse valor adicional, usando o fertilizante verde. O diferencial do Rio Grande do Sul seria aproveitar a demanda da indústria química e de fertilizantes, seria uma vantagem em relação aos outros estados. Mas, novamente, é uma corrida. A gente não vai ter 20, dez ou oito fábricas de fertilizantes no País, serão uma ou duas.
JC - Qual será a principal fonte de energia a alimentar projetos de hidrogênio verde, a solar ou a eólica?
Daza - Dependerá da região, do lugar. Os projetos podem ser puramente eólicos, solar ou com as duas fontes ao mesmo tempo. Atualmente, os projetos eólicos são um pouco mais baratos que os solares. Mas isso vai mudar, porque a curva de custo da solar continua caindo em uma velocidade maior que a eólica.