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Publicada em 07 de Abril de 2025 às 18:22

"Próximos dois anos vão definir as próximas três décadas do RS', diz presidente da Federasul

Rodrigo Sousa será reconduzido ao cargo em cerimônia nesta terça-feira com 30% da diretoria renovada

Rodrigo Sousa será reconduzido ao cargo em cerimônia nesta terça-feira com 30% da diretoria renovada

TÂNIA MEINERZ/JC
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Bárbara Lima
Bárbara Lima Repórter
Prestes a ser reconduzido ao cargo de presidente da Federasul (Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul) para o segundo mandato, Rodrigo Sousa Costa avalia que a gestão 2023-2024 foi marcada por desafios. Em entrevista ao Jornal do Comércio, ele destaca que o período exigiu posturas estratégicas e reativas, devido a eventos como as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul e a tentativa de aumento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) por parte do governo estadual. Para os próximos dois anos, no entanto, o plano é mirar em uma agenda propositiva, guiada pelo associativismo e pelo fortalecimento do protagonismo gaúcho. "Os próximos dois anos vão definir os próximos 30 anos no Rio Grande do Sul", afirmou o presidente.
Prestes a ser reconduzido ao cargo de presidente da Federasul (Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul) para o segundo mandato, Rodrigo Sousa Costa avalia que a gestão 2023-2024 foi marcada por desafios. Em entrevista ao Jornal do Comércio, ele destaca que o período exigiu posturas estratégicas e reativas, devido a eventos como as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul e a tentativa de aumento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) por parte do governo estadual. Para os próximos dois anos, no entanto, o plano é mirar em uma agenda propositiva, guiada pelo associativismo e pelo fortalecimento do protagonismo gaúcho. "Os próximos dois anos vão definir os próximos 30 anos no Rio Grande do Sul", afirmou o presidente.
A cerimônia de posse acontece nesta terça-feira, às 19h, no Salão Nobre do Palácio do Comércio, em Porto Alegre. Sousa renovou 30% de sua diretoria. Confira abaixo a entrevista na íntegra. 


Jornal do Comércio — Como avalia sua gestão até aqui?
Rodrigo Sousa Costa - Quando assumimos, em 2023, começamos com um planejamento claro. No entanto, rapidamente fomos surpreendidos por um cenário extremamente polarizado, reflexo do 8 de janeiro, que trouxe instabilidade e revanchismo para o País. Era um momento em que os ânimos estavam exaltados, e a busca por justiça cedia espaço ao linchamento moral. Foi necessário atuar com cautela, prezando pela ponderação. Em julho de 2023, lançamos o Manifesto Empreendedor Gaúcho, que seria o ponto de partida para uma atuação mais propositiva. Porém, as enchentes de setembro e novembro daquele ano mudaram nossos planos. Depois, veio a tentativa de aumentar o ICMS de 17% para 19,5%, mas conseguimos mobilizar o empresariado e evitar que o projeto avançasse. 

JC- E na sequência o RS passou pela enchente de maio de 2024...
Costa - Em 2024, enfrentamos uma tragédia climática ainda mais extrema. O Estado ficou paralisado. Perdemos mobilidade, o aeroporto parou, e o próprio prédio da Federação foi inundado — tivemos mais de três metros de água no Palácio do Comércio. Foi um teste real de resiliência. Mesmo diante do caos, conseguimos acionar nossa rede e responder de forma eficiente.

JC - Como isso se refletiu na atuação da Federasul?
Costa - A nossa capacidade de resposta foi surpreendente. Conseguimos mobilizar voluntários, enviar doações, estruturar alternativas. Isso mostrou o poder do associativismo como ferramenta concreta de transformação. Hoje, a Federasul conta com 201 entidades filiadas, mais de 5 mil diretores voluntários e 84.700 associados que contribuem por livre adesão. São empreendedores e líderes locais que se envolvem porque acreditam na causa e reconhecem que sua atuação faz diferença.

JC  - Qual o legado desse período?
Costa - A percepção de pertencimento aumentou muito. As pessoas perceberam o impacto real do associativismo.
JC - A participação das mulheres também cresceu durante a gestão?
Costa - Sim. o Conselho da Mulher Empreendedora, liderado pela Simone Leite, que ajudou a ampliar significativamente o número de núcleos femininos em todo o Estado. Hoje, são 77 grupos de mulheres empreendedoras atuando de forma estruturada e com voz ativa.

JC- E quais serão as prioridades da nova gestão que se inicia nesta terça-feira?
Costa- Acreditamos que 2025 e 2026 vão definir as tendências dos próximos 30 anos. Ou seguimos na rota do êxodo, do declínio e da perda de competitividade, ou criamos um ambiente que promova qualidade de vida, gere oportunidades e atraia novos investimentos e pessoas. Essa bifurcação é clara, e precisamos chamar os gaúchos à responsabilidade e ao protagonismo.

JC - Como fazer essa virada?
Costa - Nosso foco será mobilizar a opinião pública com base em argumentos sólidos e embasados, deixando de lado polarizações ideológicas. É preciso trazer os temas estruturais ao centro do debate — renda, infraestrutura, inovação, ambiente de negócios. Em 2026, ano eleitoral, não podemos permitir que a pauta se restrinja a costumes. Essa agenda é legítima, mas as prioridades das famílias atingidas pelas tragédias climáticas são outras, muitas delas perderam renda, perderam seu modo de viver. Nosso lema é viva e deixe viver. Há que imperar o respeito, mas não se pode impor uma agenda assim a essas famílias. 

JC - O associativismo continua sendo o alicerce?
Costa - Sem dúvida. Ele é o motor dessa transformação. O que distingue uma sociedade decadente de uma em evolução é a forma como lida com as crises. O oportunismo individualista leva à estagnação. Já o engajamento coletivo, um valor do associativismo empresarial, o olhar para o bem comum e a disposição de investir no futuro são os pilares que sustentam o desenvolvimento. As lideranças da Federasul estão imbuídas desse espírito. 

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