O Fórum da Liberdade iniciou a tarde desta sexta-feira (4), o último dia de evento, debatendo os rumos da política econômica brasileira e suas relações com a economia global. O painel “O Preço das Escolhas: O Brasil e a Estabilidade Econômica” foi mediado pelo diretor financeiro do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), Hugo de Oliveira Muller, e trouxe como convidados o ex-ministro de Minas e Energia e ex-secretário de política econômica do governo federal Adolfo Sachsida, além dos comentaristas econômicos Solange Srour e Bruno Carazza.
As apresentações iniciaram com Solange, que apresentou um panorama da política fiscal brasileira e a analisou em relação ao cenário internacional, considerando, especialmente, os impactos do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump. “A gente está hoje num momento de virada significativa que pode expor todos os nossos problemas de uma forma aguda, principalmente no sentido fiscal”, pontuou a comentarista.
De acordo com ela, as medidas norte-americanas em adotar tarifas recíprocas parecem inconsistentes e causam incertezas quanto ao futuro da economia global. Solange acredita que os impactos podem levar a um regime de recessão nos Estados Unidos que afetaria também o restante das economias interconectadas. A comentarista avalia que, nesse contexto, o Brasil possivelmente veja a necessidade de realizar ajustes fiscais — vistos por ela como essenciais — mais próxima do que nunca.
Em seguida, Carazza apresentou alguns tópicos abordados no seu livro “O País dos Privilégios” e vistos por ele como os grandes problemas econômicos do País. “No Brasil a gente tem uma dificuldade crônica de dizer não para certos grupos de interesses”, resumiu, atrelando a isso outras decisões vistas por ele como essenciais.
Um desses tópicos é o dos chamados supersalários. De acordo com Carazza, o problema da forte máquina estatal brasileira não é o excesso de servidores públicos, mas os altos salários de alguns segmentos, gerando uma folha de pagamento de alto valor. Na questão da previdência, considerou que é necessário que a Reforma da Previdência atinja o funcionalismo público e os militares, para além dos já afetados aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Por fim, Carazza trouxe outros dois desafios: as verbas controladas por partidos políticos e a carga tributária. Segundo ele, o Fundo Eleitoral, gerido pelos caciques das siglas, gera uma distribuição desigual de recursos entre os candidatos aos pleitos, enquanto as emendas parlamentares beneficiam na conquista de eleitorado os legisladores com maior influência dentro de suas legendas. Além disso, ele considerou que a carga tributária no País é alta e disfuncional.
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O último a se pronunciar foi Sachsida. Ao longo da sua fala, ele apresentou dados de sua atuação junto ao Ministério da Economia e realizou críticas à atual política adotada pelo Ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT). Segundo o palestrante, a reforma ministerial realizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deveria ter colocado uma pessoa “com mais credibilidade junto ao mercado” no lugar de Haddad. Para ele, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, está “tentando dar o seu melhor, mas deve estar recebendo muita ideia ruim”.
Concluindo que o Brasil possui condições para crescer economicamente nos próximos anos, ele considera ser necessário retomar as políticas econômicas adotadas entre 2019 e 2022, quando Paulo Guedes chefiava a pasta. “Nós vamos voltar para esse governo. E não digo necessariamente eu, mas pessoas que pensam como eu”, concluiu Sachsida, em um clima de campanha pré-anunciada de correligionários para 2026.