Em cerca de quatro meses de operação após seu lançamento pelo governo gaúcho, a Agência de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (Invest RS) já fez em torno de 120 contatos com empresas interessadas em investir no Estado. Deste total, detalha o presidente da Invest RS, Rafael Prikladnicki, a maioria das companhias estão dentro do setor de energia, assim como do agronegócio e da inovação.
No segmento energético, desde dezembro, foram atendidas pela agência 37 empresas, com 12 projetos sendo considerados prioritários para investimento e com dois termos de engajamento firmados (que depois podem virar memorandos de entendimento e confirmação de empreendimentos). As conversas são feitas, comenta Prikladnicki, com empresas “que nos procuram ou que a gente estrategicamente procura”.
O dirigente adianta que uma ferramenta que deverá contribuir para atrair mais empreendimentos para o Rio Grande do Sul será o painel de dados que a Invest RS pretende lançar até meados deste ano. Prikladnicki explica que se trata de uma solução online, uma espécie de mapa com informações do Rio Grande do Sul, apresentando visualmente e de forma objetiva os ativos das regiões gaúchas. O presidente da Invest RS foi um dos palestrantes nesta quarta-feira (2) da abertura do Wind of Change, evento que se encerra nesta quinta-feira (3) no Hotel Hilton, em Porto Alegre. O encontro debate temas como a energia eólica e a produção de hidrogênio verde.
O deputado estadual e presidente da Frente Parlamentar Pró-Energias Renováveis, Frederico Antunes (PP), destaca que o Estado tem um vasto potencial eólico. Ele cita que são 61 projetos onshore (em terra) em fase de licenciamento ambiental que somam cerca de 8 mil MW (quatro vezes a potência instalada de geração eólica em operação atualmente no Rio Grande do Sul).
“Mas, não temos acesso a um mecanismo que me parece ser crucial e que é um grande diferencial para outras regiões, como é o caso do Norte e Nordeste, que é o fundo constitucional”, argumenta Antunes. Ele sustenta que é preciso ter uma movimentação das representações políticas gaúchas para sensibilizar o governo federal a possibilitar que projetos no Rio Grande do Sul também possam usufruir de um meio de financiamento competitivo semelhante.
A presidente do Sindicato de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Daniela Cardeal, complementa que a geração eólica offshore (no mar) no Estado também poderá contribuir significativamente para a transição energética brasileira. "Mas, se não estudarmos como esse potencial de energia offshore entrará no continente, a gente acabará perdendo oportunidades para outros países que já estão fazendo isso", alerta a dirigente.
Por sua vez, o diretor de Eólicas do Sindienergia-RS, Guilherme Sari, confirma que o Rio Grande do Sul apresenta bons projetos tanto offshore como onshore. “Então, é preciso promover um ambiente de negócios favorável, como a parte de infraestrutura, logística e competitividade desses empreendimentos”, ressalta Sari.
Já o embaixador do Reino dos Países Baixos no Brasil, André Driessen, destaca que a transição energética é um desafio global e o Brasil terá um papel estratégico dentro desse contexto. "O País tem muito potencial e precisamos desbloquear esse potencial", defende o dirigente. Para isso, Driessen enfatiza que será necessário um esforço conjunto de agentes públicos e privados, assim como legislações claras e investimentos em inovação.
Outro participante do Wind of Change foi o diretor presidente da Portos RS (autoridade portuária dos portos do Rio Grande do Sul), Cristiano Klinger. Ele revela que o porto de Rio Grande, além de planejar a atualização da sua rede elétrica, está avaliando a compra de energia no mercado livre (formado por consumidores de maior porte) já certificada como uma geração “verde” (a partir de fontes renováveis, como a eólica e a solar, por exemplo). “Seguimos estudando as possibilidades”, enfatiza o dirigente.