Caso o governo do Estado não faça uma revisão do projeto sobre concessões rodoviárias, principalmente do boco 2 que propõe a instalação de novas praças de pedágio nas regiões do Vale do Taquari e Norte, o Rio Grande do Sul corre o risco de ter os pedágios mais caros do País. A avaliação é do presidente da Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Rio Grande do Sul (Fetransul), Francisco Carlos Gonçalves Cardoso, ao destacar que a localização do Estado no extremo Sul do Brasil encarece o custo logístico das empresas. "A nossa preocupação, ao conversamos com as lideranças da região do Vale Taquari abrangida pelo bloco 2, foi de melhorar o projeto", comenta. Segundo Cardoso, o Vale do Taquari foi atingido por duas enchentes que abalaram a economia da região. E o projeto do bloco 2 das concessões, conforme o dirigente, sugere uma tarifa de R$ 0,23 por km, considerada muita cara pelas lideranças da região.
Cardoso cita o exemplo do pedágio da Ecosul na zona Sul do Estado, considerado o mais caro do Brasil - R$ 0,21 o km. "A nossa preocupação é que a região Sul do Estado é um atraso economicamente e ninguém vai investir em um local que tem uma tarifa absurda de pedágio", comenta. O receio do dirigente é que o Vale do Taquari corra o mesmo risco de não atrair investimentos em função do pedágio caro. "Daqui a pouco, o preço dos pedágios vai inviabilizar a atração de investimentos para o Rio Grande do Sul. As empresas que pretendem se instalar na região ou fazer uma ampliação vão começar a olhar para outras regiões gaúchas ou até para fora do Rio Grande do Sul", acrescenta.
De acordo com o presidente da Fetransul, tanto os governos estadual quanto o federal não têm dinheiro para investir em infraestrutura e rodovias e por esse motivo a alternativa é a concessão, as Parcerias Público-Privadas (PPPs) e os pedágios. Porém, conforme Cardoso, é preciso fazer isso de forma que não comprometa a economia e seja viável para todos. "Queremos contribuir com o governo do Estado para a revisão do projeto. Talvez possa ser revisto algumas obras do bloco 2", destaca. O documento propondo uma revisão do projeto de concessões rodoviárias foi entregue pela direção da Fetransul ao secretário da Reconstrução Gaúcha, Pedro Capeluppi. "É importante revisar o projeto e o secretário demonstrou abertura para dialogar", ressalta.
O dirigente diz que o setor de transporte e logística deseja uma infraestrutura rodoviária que impulsione o desenvolvimento econômico, a produção primária, a indústria e o comércio. "No entanto, compete ao poder concedente oferecer projetos de concessão que, ao mesmo tempo sejam atrativos aos investidores e que sejam condizentes com a capacidade de contribuição dos usuários das rodovias", comenta Cardoso.

Francisco Carlos Gonçalves Cardoso, presidente da Fetransul, destaca que entidade quer contribuir com o governo do Estado para a revisão do projeto
TÂNIA MEINERZ/JC
Os investimentos previstos para qualificar as sete estradas que compõem o bloco 2 (ERS-128, ERS-129, ERS-130, ERS-135, ERS-324, RSC-453 e BR-470) serão de R$ 6,7 bilhões, em 30 anos de concessão com a iniciativa privada. A estruturação conta com a parceria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O bloco 2 abrange 32 municípios gaúchos (17,5% da população) e tem um total de 414,91 quilômetros de extensão.
A concessão prevê a duplicação de 244 quilômetros e a implementação de 101 quilômetros de terceiras faixas para ampliar a fluidez e a segurança das estradas da região, uma das mais afetadas pelas enchentes de maio de 2024. Atualmente, as rodovias administradas pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) são todas em pistas simples, com alguns trechos com terceiras faixas.