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Publicada em 20 de Março de 2025 às 15:56

Porto da Capital e instituições se unem por operação mais resiliente

Workshop para debater o tema aconteceu nesta quinta-feira

Workshop para debater o tema aconteceu nesta quinta-feira

Bárbara Lima/Especial/JC
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Bárbara Lima
Bárbara Lima Repórter
Um evento na manhã desta quinta-feira (20), na sede administrativa do Porto de Porto Alegre, reuniu a Portos RS (administradora do complexo), a prefeitura da Capital e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) para discutir formas de construir uma operação mais resiliente e integrada à cidade e ao sistema de proteção de cheias, considerando aspectos econômicos e sociais.
Um evento na manhã desta quinta-feira (20), na sede administrativa do Porto de Porto Alegre, reuniu a Portos RS (administradora do complexo), a prefeitura da Capital e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) para discutir formas de construir uma operação mais resiliente e integrada à cidade e ao sistema de proteção de cheias, considerando aspectos econômicos e sociais.

De acordo com a professora da Ufrgs do Instituto de Geociências (IGEO), Tatiana Silva, que já tem parceria com a Portos RS desde 2021 para o Programa de Gestão Ambiental portuária, as enchentes de 2024 mostraram a necessidade de adequar o próprio programa, além de abrir canais de comunicação com outros entes que têm conexão com o porto, como o município e órgãos licenciadores.
“É um assunto que transborda o que a universidade e a Portos RS teriam capacidade de fazer. É um sistema muito integrado que precisa da visão das outras instituições para que possamos criar diretrizes e formas de fortalecer a resiliência do porto, conectando-o à cidade”, disse, ressaltando que muitos diques, casas de bomba e captação de água estão dentro do polígono do porto organizado. Ela também destaca que a interação é essencial para revitalizar e retomar a ligação das águas com a população urbana. “O nome de Porto Alegre vem do porto, mas muita gente nem sabe que ele ainda está em operação ou que existe”, salientou durante o evento Workshop Porto Resiliente e Cidade Viva: Inovação e Desenvolvimento para o Futuro do Porto de Porto Alegre.

Durante a ocasião, o assessor da presidência do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Darcy Nunes, apresentou o mapeamento de mais de 40 pontos por onde a água invadiu Porto Alegre em maio do ano passado. Na região do porto, ele destacou as comportas fragilizadas, que precisarão ser trocadas. Serão sete ao todo. Segundo afirmou, ainda, dos 40 pontos, cinco estão resolvidos. “As ações estão em andamento. Há medidas que envolvem estudos e planos. A região sul da cidade, como Ipanema e Belém Novo, não tem nenhuma proteção, não tem diques, então é preciso propor um sistema de proteção”, afirmou. Outras ações incluem projetos de engenharia e obras de curto e médio prazo. “Além disso, um quarto grupo de ação seria os diques de terra do bairro Sarandi, que envolvem um volume alto de recursos, com prazo maior e atuação do governo estadual”, ponderou.


Relevância econômica e urbanística do Porto da Capital deve ser considerada


Professores universitários ressaltaram que a relevância econômica e urbanística do Porto da Capital deve ser considerada em projetos de revitalização do complexo. “Esse é um momento de retomada. O porto-alegrense precisa entender a importância do porto para a geração de riqueza”, disse o economista e professor da Universidade Federal do Rio Grande (Furg),Gibran da Silva Teixeira.

Teixeira afirmou que é preciso trabalhar com dados para “atrair novos negócios e fazer um diagnóstico econômico”, tornando o porto um modal logístico relevante, com capacidade de incluir um novo rol de produtos de importação e exportação que “podem utilizar o Porto de Porto Alegre para chegar ao de Rio Grande e, de lá, seguir para o restante do mundo e vice-versa”, explicou.

Já o professor Professor do Departamento de Arquitetura da Ufrgs, Benamy Turkienicz, destacou que, como o porto tem uma operação concentrada, pode ser um protótipo de porto resiliente e precisa ser visto como parte de Porto Alegre. “As interrupções entre área pública e área controlada poderiam ser melhor pensadas do ponto de vista urbanístico”, apontou.

Ele também ressaltou que as comportas devem ser analisadas sob os aspectos hidrológicos e urbanísticos. “Soluções que permitam o contato das pessoas com o porto devem ser consideradas. As comportas cumprindo apenas o papel de segurança não seria o ideal do ponto de vista da relação da população com a área portuária”, ponderou.

Turkienicz criticou ainda o fato de que o Plano Diretor de Porto Alegre só faz referência ao Cais Mauá, deixando o restante do complexo de fora, e que o porto, por sua vez, também tem dificuldade de criar propostas para se integrar à cidade. Como alternativas a esse isolamento, ele sugeriu, através de um estudo, a construção de um espaço semelhante ao parque suspenso High Line, de Nova Iorque, perpassando o porto. A expansão das atividades universitárias da Ufrgs para a região, uma vez que a instituição enfrenta falta de espaço atualmente, também foi cogitada como uma maneira de desenvolver um vínculo do porto com a comunidade. Ele também sugeriu que um hospital e um centro clínico poderiam ser construídos perto do Aeroporto Salgado Filho para atender a capital e a Região Metropolitana, “uma vez que a Fraport [ concessionária que administra o terminal] tem experiência em administrar hospitais em regiões aeroportuárias em outros locais”, afirmou.

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