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Publicada em 19 de Março de 2025 às 18:29

Fed mantém juros inalterados e reduz expectativa de crescimento do PIB nos EUA

The Marriner S. Eccles Federal Reserve building in Washington, DC, on May 4, 2022. - Wall Street has grown nervous as the Federal Reserve is set to make its biggest rate hike in more than two decades to crush inflation that has reached levels not seen since the 1980s. (Photo by Jim WATSON / AFP)
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The Marriner S. Eccles Federal Reserve building in Washington, DC, on May 4, 2022. - Wall Street has grown nervous as the Federal Reserve is set to make its biggest rate hike in more than two decades to crush inflation that has reached levels not seen since the 1980s. (Photo by Jim WATSON / AFP) Caption

JIM WATSON/AFP/JC
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Agências
O Fed (Federal Reserve) decidiu manter a taxa de juros dos Estados Unidos na faixa de 4,25% a 4,50%. A segunda manutenção consecutiva da taxa pelo banco central americano ocorre em meio a temores de uma recessão, influenciados pelas políticas voláteis dos primeiros meses do novo mandato de Donald Trump.A decisão unânime desta quarta-feira (19) não surpreende o mercado, que já esperava que os juros não fossem alterados. O foco, portanto, se voltou ao "dot plot", gráfico que apresenta as projeções individuais dos membros do Fomc (comitê de política monetária dos EUA) para a trajetória dos juros.O documento mostrou que os oficiais diminuíram a expectativa de crescimento do PIB este ano, aumentaram projeções para inflação e esperam taxa de desemprego mais alta no fim de 2025.Em coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, reconheceu que "boa parte" da previsão mais alta de inflação se deu por causa das tarifas de Trump. Ele afirmou que há "muitas coisas que não sabemos" sobre o tamanho e o impacto das tarifas, mas observou que elas "tendem a reduzir o crescimento e aumentar a inflação" e que "o progresso na inflação pode ser adiado por causa delas".Os membros do Fomc agora esperam que o PIB cresça 1,7% este ano, frente a previsão de 2,1% de dezembro. Também esperam que preços subam 2,7%, ante previsão anterior de 2,5% e veem uma taxa de desemprego de 4,4% no final de 2025, frente a previsão de 4,3% de dezembro.A declaração oficial do Fomc não cita diretamente as tarifas ou o presidente republicano, mas diz que "a incerteza em torno das perspectivas econômicas aumentou." Powell reforçou esse discurso, dizendo que a incerteza está "excepcionalmente elevada", mas defendeu que a "economia está forte de forma geral".O dot plot informou, ainda, que os oficiais do Fed esperam amplamente mais um ou dois cortes de 0,25 ponto percentual na taxa este ano -o mesmo que em dezembro. No entanto, subiu de um para quatro o número de membros do comitê que espera que nenhum corte ocorra este ano.O Fed reduziu os juros em um ponto percentual em 2024, e uma postura cautelosa e de menos reduções em 2025 vem sendo adotada desde então. A primeira reunião deste ano interrompeu uma sequência de três cortes de juros.
O Fed (Federal Reserve) decidiu manter a taxa de juros dos Estados Unidos na faixa de 4,25% a 4,50%. A segunda manutenção consecutiva da taxa pelo banco central americano ocorre em meio a temores de uma recessão, influenciados pelas políticas voláteis dos primeiros meses do novo mandato de Donald Trump.
A decisão unânime desta quarta-feira (19) não surpreende o mercado, que já esperava que os juros não fossem alterados. O foco, portanto, se voltou ao "dot plot", gráfico que apresenta as projeções individuais dos membros do Fomc (comitê de política monetária dos EUA) para a trajetória dos juros.
O documento mostrou que os oficiais diminuíram a expectativa de crescimento do PIB este ano, aumentaram projeções para inflação e esperam taxa de desemprego mais alta no fim de 2025.
Em coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, reconheceu que "boa parte" da previsão mais alta de inflação se deu por causa das tarifas de Trump. Ele afirmou que há "muitas coisas que não sabemos" sobre o tamanho e o impacto das tarifas, mas observou que elas "tendem a reduzir o crescimento e aumentar a inflação" e que "o progresso na inflação pode ser adiado por causa delas".
Os membros do Fomc agora esperam que o PIB cresça 1,7% este ano, frente a previsão de 2,1% de dezembro. Também esperam que preços subam 2,7%, ante previsão anterior de 2,5% e veem uma taxa de desemprego de 4,4% no final de 2025, frente a previsão de 4,3% de dezembro.
A declaração oficial do Fomc não cita diretamente as tarifas ou o presidente republicano, mas diz que "a incerteza em torno das perspectivas econômicas aumentou." Powell reforçou esse discurso, dizendo que a incerteza está "excepcionalmente elevada", mas defendeu que a "economia está forte de forma geral".
O dot plot informou, ainda, que os oficiais do Fed esperam amplamente mais um ou dois cortes de 0,25 ponto percentual na taxa este ano -o mesmo que em dezembro. No entanto, subiu de um para quatro o número de membros do comitê que espera que nenhum corte ocorra este ano.
O Fed reduziu os juros em um ponto percentual em 2024, e uma postura cautelosa e de menos reduções em 2025 vem sendo adotada desde então. A primeira reunião deste ano interrompeu uma sequência de três cortes de juros.
Uma desaceleração da inflação maior do que o esperado em fevereiro fortaleceu argumentos para retomar cortes. Antes da reunião desta semana, os investidores previam que o Fed aprovaria duas reduções de 0,25 ponto percentual até o final deste ano.
Embora essa expectativa corresponda ao que as próprias autoridades indicaram em dezembro de 2024, a situação se tornou mais complexa.
Para economistas ouvidos pelo Financial Times, a incerteza em torno das tarifas de Trump complicou a tarefa do Fed em enviar uma mensagem clara sobre a direção da economia. Nos últimos anos, o banco vem insistindo que é "dependente de dados" e se concentra mais nos últimos números de inflação e crescimento, em vez de modelar o futuro.
Alguns economistas temem que a dependência de dados retrospectivos coloque o Fed em desvantagem em um ambiente de crescente incerteza política e econômica, especialmente porque as pressões de preços induzidas por tarifas podem demorar para se refletir nos dados.
Até o momento, os indicadores mais observados pelo Fed sobre inflação e desemprego ainda não registraram um grande impacto dos planos de Trump. A taxa de desemprego subiu para 4,1% em fevereiro, a economia criou 151 mil postos de trabalho e a inflação continua acima da meta de 2%.
As pesquisas de confiança das empresas e dos consumidores têm tido quedas, e o governo já afirmou que suas ações podem custar caro, pelo menos no curto prazo. Powell reconheceu que pesquisas recentes mostraram uma "incerteza aumentada" em relação ao sentimento do consumidor. "Resta ver como esses desenvolvimentos podem afetar os gastos e investimentos futuros", disse.
Joe Brusuelas, economista-chefe da empresa de consultoria e impostos RSM US, afirma que o Fed está enfrentando "uma posição política difícil" porque aumentar tarifas sobre alguns dos maiores parceiros comerciais do país poderia simultaneamente aumentar as pressões de preços e enfraquecer o mercado de trabalho, cada um dos quais apoiaria decisões opostas sobre taxas de juros.
"O banco central terá que decidir entre manter os juros elevados para conter a inflação ou reduzi-los para estimular a economia. Esse dilema se tornará mais evidente no segundo semestre de 2025 e 2026, quando o impacto das tarifas for sentido e os sinais de desaceleração se intensificarem", acrescenta Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
A maior parte das tarifas prometidas ainda está em formação, e há debates urgentes à frente sobre o teto da dívida federal e o desejo de Trump de estender os cortes de impostos de seu primeiro mandato na Casa Branca.
Até agora, as mudanças abruptas de política provocaram uma venda no mercado de ações, preocupação por parte das empresas e temores de uma possível recessão. Powell afirmou que o Fed não faz previsões de recessão, mas considerou que previsões externas "cresceram, mas não estão altas".
"Sabemos que todos -empresas, famílias e formuladores de políticas monetárias- odeiam a incerteza", disse David Wilcox, ex-membro da equipe do Fed que agora trabalha no Peterson Institute for International Economics e na Bloomberg Economics.
Além de uma "referência oblíqua" aos desafios da incerteza, Wilcox também antecipou que os oficiais do Fed tentariam evitar fazer qualquer referência específica à agenda econômica de Trump. Durante a coletiva de imprensa, por exemplo, Powell se recusou a responder uma pergunta sobre o trabalho de Trump e do aliado Elon Musk no Doge (Departamento de Eficiência Governamental).

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