De junho de 2022 a fevereiro de 2025, a Força Tarefa Fios e Cabos apreendeu 29,9 mil toneladas de materiais roubados (especialmente cobre) de operadoras de energia e telefonia no Rio Grande do Sul. O combate a esse crime tem aumentado e deverá se elevar ainda mais neste ano, adianta o tenente-coronel da Brigada Militar, Jefferson Eroni de Oliveira Gonçalves, que coordena a Força Tarefa.
Ele calcula que pode até duplicar as fiscalizações neste ano. “Falar em números é difícil, mas a gente está projetando uma estimativa e temos como ideia dobrar o número de operações”, afirma Gonçalves. A progressão das mobilizações é visível com o passar do tempo.
Em 2023, foram realizadas 16 ações, em 11 municípios, que recuperaram cerca de 8,5 mil quilos de materiais, com 72 empresas fiscalizadas e 18 pessoas presas. Já em 2024 foram feitas 32 operações, em 20 cidades, recuperados 19,7 mil quilos de materiais, com 175 companhias fiscalizadas e 51 pessoas detidas. Neste ano, até o momento, foram efetuadas oito edições da fiscalização, em sete localidades, recuperando aproximadamente 1,49 mil quilos de materiais, 40 companhias averiguadas e 14 indivíduos presos.
A Força Tarefa Fios e Cabos é composta por integrantes da Secretaria de Justiça e Segurança, Polícia Civil, Brigada Militar, Bombeiros e, durante as ações, também atuam representantes das empresas de energia e telefonia. A operação já foi realizada em 27 municípios como, por exemplo, Porto Alegre, Caxias do Sul, Canoas, Novo Hamburgo, entre outros.
Gonçalves reforça que a Operação Fios e Cabos funciona de forma preventiva e repressiva. O tenente-coronel detalha que o material furtado, depois de passar por receptadores como ferros-velhos e recicladoras, é destinado a companhias que o transformam para deixar o produto com um aspecto legalizado, tornando a comercializá-lo no mercado. Gonçalves participou nesta quarta-feira (19) do simpósio de segurança para combater furto de fios e cabos promovido pela CEEE Equatorial, na sede da concessionária, em Porto Alegre.
No encontro, o perito criminal da Polícia Civil da Paraíba, Sérgio Maia, salientou que o Rio Grande do Sul, segundo dados de 2022, ocupava a quinta posição no País quanto ao furto de cobre, quando na ocasião foi constatado o roubo de cerca de 306 quilômetros de cabos feitos do material. O estado que liderava essa lista era São Paulo (1.035 quilômetros), seguido do Paraná (1.010 quilômetros), Minas Gerais (626 quilômetros) e Espírito Santo (312 quilômetros).
Maia destaca que a valorização do cobre com o passar dos anos tem piorado o cenário quanto ao delito. Segundo ele, um metro de cabo de cobre pesa cerca de dez quilos e está avaliado em cerca de R$ 500,00. O perito acrescenta que, por ano, são furtados em torno de 100 mil quilos de cobre no Brasil, sendo que aproximadamente 30% do produto comercializado no País tem origem irregular.
Por sua vez, o executivo de segurança empresarial do Grupo Equatorial, Johnathan Costa, frisa que os impactos do crime são sentidos pelas concessionárias, mas também pela sociedade. “Dois metros de cabo (furtados), podem comprometer toda uma rede”, adverte. Somente no ano passado, Costa diz que a CEEE Equatorial sofreu um prejuízo de mais de R$ 4 milhões com a prática ilegal. “Fora os reflexos intangíveis, que é a imagem da empresa, porque muitas vezes, quando falta energia, a concessionária é vista como uma companhia que não está fazendo um bom trabalho”, argumenta o dirigente.
O executivo de segurança empresarial adianta que uma ferramenta que pode ser aproveitada para combater os delitos é a nanotecnologia. Ele explica que a solução permitirá identificar, através de códigos químicos, a propriedade do produto. O integrante do Grupo Equatorial explica que uma das maiores dificuldades enfrentadas hoje é provar que o material recuperado é de determinada empresa.
“Após a implantação dessa tecnologia, será possível garantir que cada cabo é da Equatorial mesmo que ele seja queimado, descascado ou cortado”, detalha. Costa acrescenta que assim será mais fácil responsabilizar o receptor do produto irregular.

Operação Fios e Cabos
ARTE/JC