Para este ano, a CEEE Equatorial prevê realizar o maior investimento que a empresa fez até agora em sua área de concessão: R$ 1,2 bilhão. O montante é mais da metade do que a companhia desembolsou de 2021 (ano de sua privatização) até 2024, que totalizou algo em torno de R$ 2,3 bilhões.
O presidente da distribuidora, Riberto Barbanera, frisa que, quando estatal, a concessionária aportava anualmente cerca de R$ 150 milhões, um nível aquém do necessário, segundo ele. O executivo diz que o investimento recorde previsto para este ano visa justamente acelerar a redução do passivo deixado como legado do período da CEEE estatal. Barbanera adianta que boa parte dos recursos será utilizada na troca de redes de distribuição que estão com suas eficiências comprometidas.
A perspectiva é que sejam substituídos aproximadamente 120 mil quilômetros de linhas. O dirigente espera que a CEEE Equatorial possa mudar de patamar de qualidade quanto ao fornecimento de energia em 2025, já que a operação em 2024 foi muito impactada com a catástrofe climática que atingiu o Estado. Um objetivo da empresa é intensificar a troca de postes de madeira por unidades de concreto.
Atualmente, a distribuidora conta com em torno de 800 mil postes, sendo que cerca de 550 mil deles são de madeira. Barbanera prevê que, nos próximos três a cinco anos, possa se atingir um equilíbrio e ter 50% de postes constituídos de concreto. O executivo palestrou nesta terça-feira (11) sobre “Os desafios da distribuição de energia elétrica no contexto dos fenômenos climáticos extremos” durante o Circuito Nacional do Setor Elétrico (Cinase) realizado na Fiergs, em Porto Alegre.
Na ocasião, o dirigente salientou que a posição geográfica do Rio Grande do Sul, onde se encontram constantemente massas de ar quentes e frias, torna mais frequente a ocorrência desses acontecimentos.
Ele alerta que os eventos climáticos severos são uma nova realidade e não apenas casos esporádicos. Em 2023, a CEEE Equatorial registrou 26 situações dessa natureza, que deixaram em torno de 2,4 milhões de clientes sem luz, no ano passado foram 14 eventos, que atingiram cerca de 6,1 milhões de consumidores, e do início de 2025 até agora foram quatro incidências que implicaram 109 mil usuários sem energia.
Ele alerta que os eventos climáticos severos são uma nova realidade e não apenas casos esporádicos. Em 2023, a CEEE Equatorial registrou 26 situações dessa natureza, que deixaram em torno de 2,4 milhões de clientes sem luz, no ano passado foram 14 eventos, que atingiram cerca de 6,1 milhões de consumidores, e do início de 2025 até agora foram quatro incidências que implicaram 109 mil usuários sem energia.
Barbanera sustenta que não existe uma “bala de prata” para resolver todos os problemas ocasionados com as intempéries. Ele lembra que as redes subterrâneas são sempre discutidas nesses momentos. No entanto, ele recorda que, na enchente de maio do ano passado, a área mais afetada de Porto Alegre, que ficou mais tempo sem luz, foi o Centro Histórico porque a rede subterrânea estava alagada e não havia a possibilidade de ligá-la novamente sem riscos. “O trabalho da engenharia é achar a solução certa e aplicá-la com eficiência”, afirma o executivo.
Um dos contextos mais complexos, de acordo com ele, é a convivência da rede elétrica com a vegetação urbana. Em janeiro de 2024, quando ocorreram fortes ventos na capital gaúcha, o dirigente comenta que foram mais de 3 mil árvores de maior porte que tombaram. “Cerca de 70% das interrupções no fornecimento de energia elétrica hoje, dentro da CEEE, são devido a árvores que caem na rede no dia a dia”, aponta Barbanera.
Estado apresenta enorme potencial para fontes renováveis e possibilidade de autossuficiência
O Rio Grande do Sul, que tem mais de 80% da sua matriz elétrica renovável, ainda possui muita capacidade a ser desenvolvida nas áreas eólica, solar, hídrica e de biomassa (matéria orgânica), indica o assessor do departamento de energia da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura, Eberson Silveira. “O Rio Grande do Sul é um estado diferenciado no Brasil, porque tem um enorme potencial em todas as fontes e o mapeamento delas”, reforça o especialista.
Ele considera que os gaúchos têm condições de, futuramente, ser autossuficientes na questão da geração e consumo de energia elétrica (já que hoje “importam” em torno da 30% de geração, para atender à sua demanda, de outras regiões do País). No entanto, o tempo que levará para alcançar essa meta, ressalta Silveira, dependerá do apetite do mercado.
O sócio-diretor da Noale Energia, Frederico Boschin, confirma que o Rio Grande do Sul tem a oportunidade de crescer na energia eólica, já que o Nordeste, que é o maior centro brasileiro de geração de energia a partir dos ventos, está enfrentando dificuldades para escoar essa energia por carência na estrutura de transmissão. Quanto à situação das fontes de energia em âmbito nacional, Boschin cita que, além das renováveis, o Brasil está demonstrando interesse em recursos fósseis, como o caso do gás natural. “O País não pode abrir mão de sua riqueza, mas tem que fazer isso de uma maneira responsável”, argumenta o sócio-diretor da Noale Energia.
Já o diretor do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Guilherme Sari, acrescenta que é preciso colocar “no radar” o potencial de geração de energia do Estado. Ele recorda que, na última década, foram feitos investimentos bilionários na área de transmissão no Rio Grande do Sul que agora precisam ser aproveitados para escoar a geração de novas usinas.