Tendência que se consolidou a partir da pandemia, a opção de ter um quarto da casa transformado em home office segue influenciando no momento de escolha de um imóvel. De acordo com pesquisa feita pela Loft no último mês de janeiro, esta característica é relevante para 52,9% dos entrevistados. Em levantamento realizado em novembro, o número correspondia a 33,3%.
“O começo do ano é quando as pessoas materializam como serão os meses seguintes. Cresce a preocupação com comodidades específicas que podem ajudá-las com os seus objetivos, como um quarto extra para o trabalho ou para os estudos”, explica o gerente de dados da Loft, Fábio Takahashi.
O crescimento do interesse por imóveis com um quarto adicional que possa ser utilizado para home office não surpreende a presidente da Associação Riograndense dos Escritórios de Arquitetura (Asbea-RS), Raquel Hagen. “O mercado imobiliário sofre mudanças cíclicas, conforme os modos de vida da sociedade. O setor da arquitetura precisa fazer a leitura dessas alterações para que as construções mais novas sejam o reflexo do comportamento das pessoas”, comenta.
Na avaliação dela, a procura por este tipo de imóvel foi um processo iniciado durante a pandemia de Covid-19, quando muitas pessoas precisaram conciliar o trabalho ou os estudos com a rotina doméstica. Segundo pesquisa da Loft realizada em 2022, 26% dos gaúchos começaram a trabalhar de forma remota (home office) durante o período da emergência sanitária.
À época no quinto semestre do curso de Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Pedro Manica precisou adaptar a vida de estudante e de professor iniciante de Literatura e Língua Portuguesa ao contexto de isolamento social imposto pela pandemia.
A configuração do apartamento onde morava não era apropriada para home office. “Eu estudava muito na própria faculdade, então não precisava mais do que uma escrivaninha e uma cadeira em casa. Quando começou a pandemia, foi a primeira vez que organizei o meu escritório com os materiais. Comprei uma cadeira melhor, além de um teclado, um mouse e um suporte para o notebook”, explica Pedro.
Desde então, ele se mudou algumas vezes, mas sempre fez questão de reservar um espaço no apartamento para o escritório. “Antes da pandemia, o centro da minha vida doméstica era a sala principal. Depois, a parte central da minha casa passou a ser o meu escritório”, relata.
Para a presidente da Asbea-RS, a opção de ter um quarto extra para home office se tornará cada vez mais comum no mercado imobiliário. “Dificilmente veremos novos apartamentos e casas que não acompanhem essa tendência”, explica.