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Publicada em 23 de Fevereiro de 2025 às 16:08

Porto Alegre ganhará espaço para lembrar enchentes de 1941 e 2024

Local dentro do museu do Paço Municipal, onde era a prefeitura de Porto Alegre, será destinado para recordar as enchentes

Local dentro do museu do Paço Municipal, onde era a prefeitura de Porto Alegre, será destinado para recordar as enchentes

EVANDRO OLIVEIRA/JC
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Jefferson Klein
Jefferson Klein Repórter
* de Ouwerkerk, HolandaUm local dentro do museu do Paço Municipal, onde era a sede da prefeitura de Porto Alegre, será destinado para recordar as enchentes de 1941 e 2024. O anúncio oficial será feito em maio pelo prefeito da Capital, Sebastião Melo, para então começar a implantação do espaço.
* de Ouwerkerk, Holanda

Um local dentro do museu do Paço Municipal, onde era a sede da prefeitura de Porto Alegre, será destinado para recordar as enchentes de 1941 e 2024. O anúncio oficial será feito em maio pelo prefeito da Capital, Sebastião Melo, para então começar a implantação do espaço.
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Na ocasião, também está previsto um evento para lembrar da catástrofe climática que assolou a cidade e outros municípios do Rio Grande do Sul, no ano passado. Melo falou sobre a ideia durante visita ao Flood Museum, na Holanda. O complexo, situado na cidade de Ouwerkerk, é focado em recordar uma grande enchente que assolou aquela região em 1953. "É importante manter a memória, reconstruir e olhar o futuro", enfatiza o prefeito.
Flood Museum, localizado em Ouwerkerk, na Holanda, recorda a enchente de 1953  | Jefferson Klein/Especial/JC
Flood Museum, localizado em Ouwerkerk, na Holanda, recorda a enchente de 1953 Jefferson Klein/Especial/JC
Uma das fundadoras do museu holandês Ria Geluk foi uma das atingidas pela enchente. Ela tinha seis anos quando ocorreu a cheia e se protegeu subindo em um telhado. Aproximadamente 100 mil pessoas visitam o museu anualmente. A estrutura conta com fotos, objetos dos atingidos, depoimentos audiovisuais e também uma linha do tempo, de 838 a 2011, apontando as maiores enchentes ocorridas nos Países Baixos.
Além disso, no final do percurso há um painel que mostra constantemente notícias sobre eventos climáticos globais divulgados pela mídia no dia anterior à visita de quem vai ao museu.

Com a experiência de quem já passou por uma catástrofe climática, Ria dá um conselho: "Temos que observar a natureza e aprender com ela". A enchente de 1953 causou 1836 mortes, inclusive de um bebê que nasceu no dia da tragédia e não chegou a ser registrado ou ter o corpo encontrado.

Após a visita ao museu, o governador Eduardo Leite também ressaltou que o tema das mudanças climáticas precisa de constante atenção. "É importante projetarmos o futuro, com cuidado de olhar o passado", afirma Leite.

Marés e ventos são usados para compor medidas contra cheias

Elementos que podem ser um problema quanto à elevação do nível da água, também podem ser aproveitados como parte da solução. O chamado Zandmotor (ou motor de areia) é uma península na costa de Delfland que conta com esses recursos para se tornar uma defesa contra o mar.

Apesar de ter no nome a palavra "motor", a iniciativa não se trata de uma grande máquina que realiza todo o trabalho, mas sim o depósito de areia, em posições estratégicas, para que as ondas, correntes marítimas e os ventos desenhem uma proteção contra as cheias (no caso vindas do mar). O projeto levou dois anos para ser implementado, o que ocorreu em 2011.

"Vamos construir com a natureza, não contra ela", sustenta a professora Associada de Projeto Urbano e Teoria Crítica da Faculdade de Arquitetura e Ambiente Construído da Delft University of Tecnology, Taneha Bacchin. Ela admite que essa e outras ações de contenção de enchentes acabam tendo reflexos ambientais e gerando novos habitats. No entanto, Taneha ressalta que é levado em conta no momento de fazer essas intervenções a questão dos perigos gerados pelas enchentes. "Tem sempre a questão da prioridade dos riscos", finaliza a professora.

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