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Publicada em 11 de Fevereiro de 2025 às 15:25

Clima extremo no RS é desafio para concessionárias de energia

Considerar elementos ambientais contribui para a operação do setor

Considerar elementos ambientais contribui para a operação do setor

Rafael Rebelo e Silva/Profill Engenharia e Ambiente/JC
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Jefferson Klein
Jefferson Klein Repórter
Depois de enfrentar uma série de problemas impostos pelas enchentes no ano passado, as empresas de transmissão e distribuição de energia do Rio Grande passam agora por outra dificuldade apresentada pelo clima: o calor excessivo. Esses eventos vão demandar das companhias do setor elétrico um bom planejamento para responder aos fenômenos climáticos severos.
Depois de enfrentar uma série de problemas impostos pelas enchentes no ano passado, as empresas de transmissão e distribuição de energia do Rio Grande passam agora por outra dificuldade apresentada pelo clima: o calor excessivo. Esses eventos vão demandar das companhias do setor elétrico um bom planejamento para responder aos fenômenos climáticos severos.
“Com esses picos de consumo de energia no meio da tarde (com aumento da utilização dos aparelhos de ar condicionado), vamos ter uma maior exigência do sistema elétrico e demanda por energia”, diz o sócio-diretor da Noale Energia e conselheiro do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Frederico Boschin. A maior distribuidora gaúcha, a RGE, confirma que a forte onda de calor no Rio Grande do Sul tem elevado a demanda por energia elétrica, especialmente pelo uso intenso de equipamentos de refrigeração.
No entanto, através de nota, a empresa afirma que, apesar das altas temperaturas, a rede elétrica da concessionária está preparada para suportar o aumento de consumo. Interrupções registradas recentemente, de acordo com a companhia, foram pontuais e não representam risco ao sistema elétrico.
Por sua vez, o analista de Operações do Programa de Eficiência Energética da CEEE Equatorial, Jonatan Silva, chama a atenção para o consumo mais consciente em momentos como esse de calor. “Geladeiras e freezers podem representar 40% da conta de luz de uma casa. E num ambiente de temperaturas altas, esses aparelhos consomem mais energia para funcionar de maneira eficiente”, aponta Silva.
A dica repassada por ele é manter geladeiras e freezers longe do sol ou de fontes de calor, como o fogão, de preferência em local bem ventilado e não encostados na parede ou em móveis. É aconselhável ainda verificar também se a borracha de vedação está em boas condições. A cada seis meses, ela precisa ser avaliada e substituída, se necessário.
Sobre a manutenção na rede, a CEEE Equatorial informa que tem ampliado as equipes para manutenções preventivas, expandindo a atuação em podas e limpezas de faixa de vegetação em situação de risco de contato com a rede. Do ponto de vista de investimentos, a empresa afirma que tem alocado recursos no robustecimento da rede, por meio de recapacitações, mudança de rede, substituição de postes, entre outras medidas. Em nota, a Equatorial ressalta que, desde que assumiu a distribuidora em julho de 2021 até dezembro de 2024, foram investidos R$ 2,5 bilhões em toda área de concessão. Para este ano, a companhia estima investimentos em resiliência climática da ordem de R$ 100 milhões.
Em nota, a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) destaca que os eventos climáticos extremos trazem enormes desafios para as infraestruturas urbanas, inclusive para as redes de distribuição de energia elétrica. A entidade frisa que, no curto prazo, as distribuidoras têm feito investimentos da ordem de R$ 30 bilhões ao ano para melhorias e expansão das redes, investindo em soluções de automação que permitam um restabelecimento de energia mais célere.
Já quando o desafio da rede elétrica é relativo a ventos e chuvas, o sócio-diretor da Noale Energia alerta que a malha que está exposta, principalmente a alagamentos, precisa ser repensada. Outra situação que necessitará de planejamento, assinala Boschin, é a convivência harmônica entre vegetação e rede elétrica. “A gente não vai conseguir evitar os eventos climáticos, porém sempre se pode trabalhar o planejamento e a resiliência”, salienta o integrante do Sindienergia-RS.
Linhas subterrâneas são opção, mas implicam maior investimento
Uma alternativa que normalmente é levantada quando se trata do assunto de robustecimento do sistema elétrico é a implantação de redes subterrâneas. O diretor da Noale Energia e conselheiro do Sindienergia-RS, Frederico Boschin, enfatiza que essa é uma opção que pode ser analisada, mas que representa um valor muito elevado. Conforme a engenheira civil e sócia-diretora da Profill, Patrícia Cardoso, uma linha de transmissão subterrânea custa em média R$ 5 milhões por quilômetro enquanto a aérea requer investimento de cerca de R$ 300 mil por quilômetro.
Ela informa que em Porto Alegre em torno de 9% das linhas de distribuição são subterrâneas, contudo no Brasil a média cai para 1%. Patrícia também reforça que o planejamento é essencial para o bom funcionamento do setor elétrico. Recentemente, a Profill foi contratada para realizar uma avaliação hidráulica e reposicionar da melhor forma as torres de uma linha danificada por enchentes em Teutônia, no Vale do Taquari.
Uma sugestão feita por Patrícia é a realização de estudos ambientais e criteriosos antes das instalações das subestações e de linhas de transmissão e distribuição. Esse trabalho deve observar questões como, por exemplo, propensão de erosão no solo, proximidade com rios, zonas de fortes ventos, rota de aves, entre outros pontos.
“Por meio dessas avaliações, a gente consegue diagnosticar áreas com fragilidade, sensíveis ambientalmente e sujeitas a inundações”, enfatiza a engenheira civil. Com essas informações, ela argumenta que os projetistas podem trabalhar com estruturas mais resilientes e que podem mitigar os impactos de um evento climático extremo. Patrícia sustenta que todo investimento que serve para precaver eventuais problemas vira ganhos no futuro.

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