Porto Alegre, ter, 18/03/25

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 07 de Fevereiro de 2025 às 18:48

Dos 65 decretos de estiagem no RS, dois já são reconhecidos pela União

Prefeitura de Santa Margarida do Sul tem atuado diariamente no combate às chamas

Prefeitura de Santa Margarida do Sul tem atuado diariamente no combate às chamas

Prefeitura de Santa Margarida do Sul/Divulgação/JC
Compartilhe:
Fabrine Bartz
Fabrine Bartz Repórter
Com um intervalo de apenas dois dias, o número de municípios com decreto de situação de emergência pela estiagem no Rio Grande do Sul aumentou de 50 para 65. Deste total, dois já foram reconhecidos pela União, sendo Santa Margarida do Sul, na Região Central, e Manoel Viana, na Fronteira Oeste - ambos estão sem chuva há praticamente dois meses.
Com um intervalo de apenas dois dias, o número de municípios com decreto de situação de emergência pela estiagem no Rio Grande do Sul aumentou de 50 para 65. Deste total, dois já foram reconhecidos pela União, sendo Santa Margarida do Sul, na Região Central, e Manoel Viana, na Fronteira Oeste - ambos estão sem chuva há praticamente dois meses.
Segundo a Defesa Civil, além do próprio órgão, o registro do desastre no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2IC) é feito pelas Coordenadorias Municipais de Proteção. Os órgãos federais também fornecem essa informação por meio da inserção no sistema. “Se o município precisar de auxílio, pode se utilizar desse trâmite para solicitar a homologação do Estado e o reconhecimento em esfera federal e, posteriormente, encaminhar sua demanda por recursos”, explicou a Defesa Civil, em nota.

O processo busca comprovar que o município passa por uma situação de risco à população e perdas na produção agrícola. Dessa forma, a medida possibilita que os municípios impactados possam acessar recursos, auxílios e benefícios dos governos federal e estadual. Até essa sexta-feira (7), as autoridades tanto Manoel Viana quanto de Santa Margarida do Sul alegam não terem recebido recursos do governo federal. A expectativa é que a ajuda chegue a partir do dia 15 de fevereiro.

De acordo com a Emater-RS, entre os fatores, a demora está relacionada com a verificação das informações, que é impactada pelo fato da estiagem ainda estar em andamento. “Uma das peças fundamentais é o laudo circunstanciado. Os profissionais da Emater, juntamente com as secretarias da agricultura e desenvolvimento rural, formam as informações do dano e materializam no laudo, que irá transitar com o Estado e a União”, explica o diretor técnico da Emater-RS, Claudinei Baldissera.

A falta de chuva tem impactado diferentes setores, incluindo a produção agrícola e o próprio consumo de água pela população. Em Santa Margarida do Sul, o principal problema está direcionado aos produtores rurais que possuem financiamento das lavouras. “O impacto será mais adiante, quando eles terão que vender a produção para pagar os bancos. Nossa briga para auxiliar esses produtores é fazer com que o governo federal dê algum suporte para este momento”, reforça o secretário de Administração, Rogério Neves. Devido ao cenário vivenciado nos últimos anos, com três anos de estiagem e um de enchente, “o adiamento da dívida não irá ajudar”.

Dos 2,5 mil habitantes, 80% estão localizados na área rural. O impacto da estiagem é mais evidente na plantação de soja. “O cenário nas lavouras de soja é entristecer, em alguns casos as perdas são acima de 50% e em outros já atingem 100%”. Uma parte da produção foi plantada no último ciclo da safra, o que significa que, provavelmente, não pegou chuva. A plantação já havia sido impactada sete meses antes com as enchentes. “Perdemos praticamente uma safra inteira”, complementa Neves.
Falta de chuva tem ocasionado em incêndios nas propriedades de Santa Margarida do Sul | Prefeitura de Santa Margarida do Sul/Divulgação/JC
Falta de chuva tem ocasionado em incêndios nas propriedades de Santa Margarida do Sul Prefeitura de Santa Margarida do Sul/Divulgação/JC


Até o momento, a plantação de arroz de Santa Margarida do Sul está segura, mas o município está em alerta para o cenário. “A maioria das águas são puxadas dos rios para as lavouras, mas os rios estão secando ", detalha Neves. Além do impacto no ciclo de produção, a falta de chuva também tem ocasionado incêndios nas propriedades. A última chuva considerável no município ocorreu próximo ao Natal. 

Duas lavouras, de aproximadamente 100 hectares, pegaram fogo durante a semana. Uma localizada no assentamento Novo Horizonte, onde 10 animais morreram em razão das chamas, e outra na Serrinha. A prefeitura do município tem atuado diariamente no suporte à população no combate às chamas e na oferta de água por meio de caminhões pipa.

Em Manoel Viana, cidade com 6,8 mil habitantes, a demanda principal também se refere ao pequeno produtor. “A primeira safra do milho teve uma produção boa, mas o prejuízo da soja chega a 90%”, explica o secretário de Agricultura do município, Geber Vieira. De acordo com ele, em algumas áreas, não foi possível nem realizar o plantio.

Manoel Viana registra focos mais isolados de incêndio, e ocorrências sem grandes proporções até esta sexta-feira. Os prejuízos da safra ainda estão sendo calculados e, segundo a Emater, devem ser divulgados durante a Expodireto - Cotrijal, uma das maiores feiras do agronegócio, prevista para ocorrer entre os dias 10 e 14 de março.

Santa Margarida do Sul e Manoel Viana enfrentam falta d’água

Prefeitura de Manoel Viana realiza entrega de água para população por meio de caminhões-pipa

Prefeitura de Manoel Viana realiza entrega de água para população por meio de caminhões-pipa

Prefeitura Manoel Viana/Divulgação/JC
Após uma sequência de dias com altas temperaturas, relacionada com a falta de chuva, Manoel Viana, na Fronteira Oeste, e Santa Margarida do Sul, na Região Central, também enfrentam problemas com a distribuição de água. As prefeituras atuam em ações em conjunto com o governo do Rio Grande do Sul para garantir o abastecimento das cidades.

Conforme o secretário de Administração de Santa Margarida do Sul, Rogério Neves, a prefeitura está realizando a entrega de água por caminhões-pipa há mais de um mês. Em cada região existe um poço artesiano administrado pelo município, mas, segundo o secretário, eles estão secando. “Contratamos caminhões-pipa e conseguimos ajuda de São Gabriel, município vizinho. Está faltando água para beber. Se está faltando para os humanos, imagina para os animais”, lamenta.

O cenário se repete em Manoel Viana. Semanalmente, os moradores recebem de 60 a 70 mil litros de água, por meio de caminhões-pipa. “Nessa última semana, começamos a entregar água também para os animais”, relata o secretário de Agricultura, Geber Vieira. Alguns pontos da cidade apresentam também instabilidades na energia elétrica. “A população reclama que o ventilador não gira durante a noite”.

Em nota, a Defesa Civil do Estado informou que está sendo conduzida a elaboração de uma ata de preços para a contratação do serviço de entrega de água aos municípios afetados, por empresa terceirizada, licitando possíveis fornecedores desse insumo para o atendimento dos municípios em situação de emergência e/ou estado de calamidade pública.

“Também está em andamento a aquisição de quatro caminhões-cisterna para a Defesa Civil, com foco em atendimento de eventos adversos, mas que também pode apoiar ações relacionadas aos efeitos da estiagem”. Além disso, serão adquiridos 50 reservatórios de água para empréstimo às comunidades afetadas.

Notícias relacionadas

Comentários

0 comentários