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Publicada em 06 de Fevereiro de 2025 às 17:28

Abiquim receia aumento do déficit da indústria química em 2025

Situação causa impactos em estados com polos petroquímicos

Situação causa impactos em estados com polos petroquímicos

TÂNIA MEINERZ/JC
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Jefferson Klein
Jefferson Klein Repórter
O déficit na balança comercial de produtos químicos brasileiros totalizou US$ 48,7 bilhões no ano passado (segundo maior revés da série histórica do setor, somente atrás dos cerca de US$ 63 bilhões verificados em 2022). Apesar do número expressivo, o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeiro, teme que em 2025 a diferença entre importações e exportações do segmento possa aumentar ainda mais.
O déficit na balança comercial de produtos químicos brasileiros totalizou US$ 48,7 bilhões no ano passado (segundo maior revés da série histórica do setor, somente atrás dos cerca de US$ 63 bilhões verificados em 2022). Apesar do número expressivo, o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeiro, teme que em 2025 a diferença entre importações e exportações do segmento possa aumentar ainda mais.
O dirigente enfatiza que a desvalorização do Real e a tendência de incremento do volume de produtos químicos que entra no País oriundo do exterior são fatores que indicam essa perspectiva. Em 2024, 65,3 milhões de toneladas de itens ligados a essa área, principalmente dentro da cadeia de fertilizantes, ingressaram no País. Quanto a valores, o Brasil importou US$ 63,9 bilhões em produtos químicos e exportou US$ 15,2 bilhões.
O presidente-executivo da Abiquim explica que essa situação se deve a uma razão estrutural, ligada ao cenário do mercado internacional da última década. O dirigente recorda que houve um crescimento muito intenso da fabricação chinesa de químicos. “Uma produção que é feita com fortes subsídios”, reforça Cordeiro.
Além disso, ele lembra que os Estados Unidos, o segundo maior produtor do setor depois da China, conta como diferenciais o custo baixo de matéria-prima (gás) e de energia. O representante da Abiquim acrescenta que os chineses, recentemente, também conseguiram acesso a insumos mais competitivos, pois a Rússia, devido ao conflito com a Ucrânia, intensificou a venda de gás e petróleo para a nação asiática.
“Isso pressiona o Brasil, que não tem uma estrutura de negócios na área química capaz de fazer frente a esse cenário”, alerta Cordeiro. O presidente da Abiquim adverte que essa situação (perda de competitividade) afeta no Brasil, principalmente, estados que possuem em seu território polos petroquímicos, como é o caso do Rio Grande do Sul.
Para fortalecer o poder de concorrência das empresas brasileiras do segmento, o dirigente argumenta que as companhias nacionais precisariam ter disponibilidade de um gás natural mais barato. Segundo Cordeiro, enquanto no Brasil o milhão de BTU desse combustível custa em torno de US$ 13, nas outras duas nações o preço é de aproximadamente US$ 3.
O integrante da Abiquim destaca que o governo federal implementou o Programa Gás Para Empregar, que busca elevar a disponibilidade desse insumo no País e torná-lo mais atrativo. No entanto, ele salienta que, apesar da iniciativa, não se vislumbra sinais de alteração do quadro atual, em curto prazo. Cordeiro considera que seja possível reverter o déficit da balança química com medidas de apoio e retomada de investimentos no setor, porém isso necessitará de um tempo mais alongado.

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