Esse sábado (1º) é o primeiro dia de vigência do aumento do ICMS cobrado sobre os combustíveis e também da elevação dos preços do diesel comercializado pela Petrobras.
Apesar dos incrementos e depois de uma corrida dos motoristas para abastecer seus veículos na sexta-feira (31), a circulação em postos de Porto Alegre foi regular no começo deste final de semana e os revendedores projetam que não haverá maiores reflexos nas vendas dos produtos.
No caso do imposto estadual, cada litro de gasolina e etanol hidratado vendido passou de uma tributação de R$ 1,37 para R$ 1,47 (alta de R$ 0,10) e para o óleo diesel a alteração foi de R$ 1,06 para R$ 1,12 (elevação de R$ 0,06). Soma-se a isso o incremento do custo do diesel nas refinarias da Petrobras, que passou, em média, para R$ 3,72 por litro, um reajuste de R$ 0,22.
O consumidor mais atento pôde notar ainda neste sábado pela manhã diferenças de preços entre estabelecimentos da capital gaúcha. Por exemplo, um posto localizado próximo ao aeroporto Salgado Filho estava cobrando o litro do etanol a R$ 4,89, a gasolina comum a R$ 5,99 e o diesel a R$ 5,89 e outro estabelecimento a poucos metros de distância estava praticando, respectivamente, os valores de R$ 5,99, R$ 6,19 e R$ 6,19 sobre os mesmos combustíveis. No entanto, um profissional do primeiro posto informou à reportagem do Jornal do Comércio que já havia sido comunicado que eles também iriam alterar os seus preços em breve.
Apesar da elevação dos custos, o gerente de um posto da Rede VIP 24 horas Eduardo Medeiros considerou o movimento de clientes normal neste sábado. “Até porque o pessoal tem que abastecer”, resume Medeiros. Já o mecânico de refrigeração Elisandro Sartori aponta como um exagero o impacto para o consumidor. “O custo de vida hoje está muito caro, o nosso poder aquisitivo, o nosso poder de compra, já diminuiu bastante”, reclama Sartori. Ele antecipa que, com o aumento dos combustíveis, vários outros produtos terão seus custos elevados.
Por sua vez, o motorista de aplicativo Cristiano do Nascimento Pereira também julga o incremento nos custos dos combustíveis como acentuado. Ele acrescenta que na sua profissão é difícil repassar esse gasto extra. “O valor do aplicativo continua o mesmo”, reforça. Analisando a situação de forma ampla, o presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Rio Grande do Sul (Sulpetro), João Carlos Dal’Aqua, pensa que houve um peso político para o momento dos aumentos na refinaria e dos impostos, pois assim o ônus é “compartilhado” já que os estados subiram o ICMS e a Petrobras, empresa controlada pelo governo federal, elevou o custo da produção do diesel.
O dirigente comenta que em casos de aumentos como esses pode haver uma retração nos primeiros dias. “Mas, na sequência há uma acomodação natural”, enfatiza o dirigente. De acordo com o presidente do Sulpetro, a margem bruta dos postos está muito baixa, em torno de 10%, em média. Ou seja, se o litro do combustível está sendo vendido a R$ 6,00, o revendedor fica com em torno de R$ 0,60, sendo que os impostos correspondem a cerca de um terço do preço final.
Dal’Aqua também adverte que o preço baixo não significa necessariamente o melhor negócio para o consumidor. “Porque mágica não existe”, enfatiza o dirigente. A preocupação é quanto a estabelecimentos que oferecem grandes diferenças, mas que adotam práticas irregulares como adulteração e sonegação. O representante do Sulpetro frisa que os revendedores precisam fazer um cálculo apurado de seus estoques.
Então, conforme o dirigente, algum posto que subiu os preços na bomba antes deste sábado pode ter buscado remunerar um pouco melhor a sua margem ou estava com estoque muito baixo. “Cada um tem a sua realidade”, argumenta. Dal’Aqua acrescenta que o mercado também tende a equilibrar a competição, em médio e longo prazo.
A pesquisa de levantamentos de preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), feita entre 26 de janeiro a 1º de fevereiro, indica que o custo médio do litro da gasolina comum em postos de Porto Alegre no período era de R$ 5,98 e da gasolina aditivada de R$ 6,23. No geral do Rio Grande do Sul esses valores foram, respectivamente, de R$ 6,07 e R$ 6,27. Já o óleo diesel comercializado na Capital custava em média R$ 5,88 e o etanol hidratado R$ 4,86. No Estado, por sua vez, o litro médio do diesel valia R$ 6,07 e do álcool R$ 4,75.