A construção da unidade de etanol a partir do processamento de cereais (trigo, triticale, milho, entre outros) que a empresa Be8 está realizando em Passo Fundo está próxima de completar mais uma etapa. No momento, está sendo conduzida a fase de terraplanagem, que deve ser concluída no final de março, para depois começar as obras civis e a montagem dos equipamentos.
O presidente da companhia, Erasmo Carlos Battistella, afirma que o empreendimento está sendo tocado “a todo vapor”. O complexo deverá entrar em operação no final de 2026. A usina será flexível para a produção de etanol anidro (que pode ser adicionado na gasolina) ou hidratado (consumo direto) e terá capacidade de 220 milhões de litros ao ano.
A Be8 também vai oferecer ao mercado o farelo oriundo do processamento dos cereais, conhecido como DDGS (Distiller’s Dried Grains with Solubles) ou Grãos Secos de Destilaria com Solúveis (em português), obtido imediatamente após o processo fermentativo de produção de etanol. Esse é um coproduto, com grande potencial de utilização em rações animais. Serão produzidas 155 mil de toneladas por ano de farelo.
Também será integrada ao projeto a produção de glúten vital, um concentrado proteico em pó obtido a partir da farinha de cereais. Atualmente todo o glúten consumido no Brasil é importado. O complexo produzirá 35 mil toneladas ao ano de glúten vital. No ano passado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento no valor de R$ 729,7 milhões para a construção da fábrica de álcool e farelo.
Divulgando o potencial dos biocombustíveis, nesta semana Battistella participa do Fórum Econômico Mundial, que ocorre em Davos, na Suíça. Nesta quarta-feira (22), o empresário gaúcho integrou um painel com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e se encontrou com o Comissário para Transporte Sustentável e Turismo da União Europeia, Apostolos Tzitzikostas.
Um dos pontos ressaltados por Battistella durante o evento é como os biocombustíveis fazem bem para o meio ambiente e também para a economia. “Por exemplo, o biodiesel praticamente gera 14 vezes mais PIB do que se comparado com a cadeia da produção do diesel (fóssil)”, aponta o dirigente.
Nessa quinta-feira (23), Battistella participará de um painel que acontecerá em parceria com as também gaúchas Randon e a Gerdau, no qual serão apresentadas as iniciativas que cada companhia está fazendo para alcançar o Net Zero (meta de compensar ou eliminar as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera da companhia). Uma novidade que deverá ser anunciada na ocasião envolverá o Centro Tecnológico Randon e a Be8 e a utilização do BeVant (um biocombustível capaz de substituir em 100% o diesel).
Em Davos, a Be8 também anunciou uma parceria com a companhia norte-americana Cemvita, que atua no desenvolvimento de soluções biotecnológicas inovadoras. As empresas assinaram um Memorando de Entendimento (MOU) com o objetivo de desenvolver a conversão de glicerina (um subproduto da produção de biodiesel) em matéria-prima de baixo carbono para a produção de Combustível de Sustentável de Aviação (SAF).