"As mudanças nos financiamentos de imóveis vão impactar o mercado imobiliário no Rio Grande do Sul porque o acesso ao crédito está mais restritivo. Desde outubro do ano passado, com algumas alterações no limite de financiamento e projeções futuras de taxa, começou a ocorrer uma restrição principalmente para empresas tomadoras de crédito". A avaliação é do presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Sul (Sinduscon/RS), Claudio Teitelbaum, ao afirmar que enquanto não houver um controle da inflação, um pacote econômico e um controle de gastos públicos eficiente não haverá uma melhora.
Segundo Teitelbaum, a partir de janeiro de 2025, com a elevação de praticamente dois pontos na taxa de juros do financiamento vai resultar em um aumento de restrição no financiamento de imóveis. "Existe um número de economia que a cada 1% de elevação da taxa de juros, cerca de 300 mil famílias deixam de comprar um imóvel", destaca. O dirigente do Sinduscon/RS explica que qualquer mudança feita pela Caixa Econômica Federal acaba por impactar os bancos privados e estaduais.
O presidente do Sinduscon/RS comenta que a partir de janeiro deste ano o setor imobiliário começou a perceber uma normalização da parte de repasse de recursos do governo federal, o que deve dar um fôlego até agosto/setembro em termos de mercado e poupança. Porém, Teitelbaum afirma que caso não tenha alguma mudança mais profunda até outubro deste ano, os mesmos reflexos que ocorreram em outubro de 2024 vão se tornar recorrentes.
Ele avalia que a demanda habitacional segue latente e o mercado imobiliário é composto de vários níveis como o Minha Casa, Minha Vida, que recebe investimentos da União, até os de alto padrão que necessitam menos recursos de financiamento. "O mercado imobiliário é criativo e as pessoas precisam se mudar ou comprar imóveis", comenta. Para Teitelbaum, o que pode ocorrer é que determinado perfil de compra de imóvel pode ficar demandado em função das mudanças nos financiamento de imóveis.
Em novembro do ano passado, a Caixa Econômica Federal anunciou que os mutuários que buscavam financiamento de imóveis pelo banco teriam que pagar uma entrada maior e financiar um percentual mais baixo do imóvel. O banco aumentou as restrições para a concessão de crédito para imóveis pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que financia imóveis com recursos da caderneta de poupança. Para quem financiar imóvel pelo sistema de amortização constante (SAC), em que a prestação cai ao longo do tempo, a entrada subiu de 20% para 30% do valor do imóvel. Pelo sistema Price, com parcelas fixas, o valor aumentou de 30% para 50%. A Caixa só libera o crédito a quem não tiver outro financiamento habitacional ativo com o banco.
O valor máximo de avaliação dos imóveis pelo SBPE será limitado a R$ 1,5 milhão em todas as modalidades do sistema. Atualmente, o crédito pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), com juros mais baixos, é restrito a imóveis de R$ 1,5 milhão, mas as linhas do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) não têm teto de valor do imóvel. A Caixa destaca que as mudanças se aplicam a futuros financiamentos e não afetarão as unidades habitacionais de empreendimentos financiados pelo banco. A instituição financeira concentra 70% do financiamento imobiliário brasileiro e 48,3% das contratações do SBPE.