Os rumores de uma possível fusão entre a Gol e a Azul movimentaram o mercado nesta quinta-feira e impulsionaram os papéis das aéreas na B3. No pregão do dia, as ações da Gol, em recuperação judicial e fora do Ibovespa, dispararam 9,03%, enquanto as da Azul, subiram 0,95%, depois de terem avançado mais de 7% no início da sessão.
Por enquanto, nenhum dos executivos das companhias aéreas comentam oficialmente as negociações em torno da assinatura de um memorando de entendimentos que possa levar à união das empresas. Veiculada inicialmente pelo jornal Valor Econômico, a elaboração do memorando foi confirmada à reportagem por uma pessoa familiarizada com o assunto. Segundo essa pessoa, as tratativas estão avançadas.
Caso antigo, a possível associação quase foi anunciada no fim do ano passado, porém a recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos, cujo plano de reestruturação foi protocolado há um mês, segue em andamento. A expectativa é de que a novidade seja detalhada nas próximas semanas. Procuradas, Gol e Azul não quiseram comentar o caso.
O plano de reestruturação judicial da Gol já levantava uma possível "combinação estratégica de negócios" entre a Abra e a Azul. "A nova participação acionária da Gol emitida em razão da distribuição de capital será obrigatoriamente convertida em ações da Abra Group Limited mediante determinados eventos especificados a serem acordados, incluindo, sem limitação, (a) uma fusão, consolidação, amalgamação ou transação similar de combinação estratégica de negócios entre a Abra Group Limited e a Azul S.A., (b) uma joint venture entre a Abra Group Limited e a Azul S.A. (...), (c) uma oferta pública inicial da Abra Group Limited, ou (d) um pedido de falência subsequente pela Gol", dizia o documento de 316 páginas enviado à corte americana.
Controladora da Gol, a Abra também conta com a colombiana Avianca entre seus acionistas. De acordo com a holding, as companhias mantêm marcas, equipes e culturas independentes, se beneficiando de investimentos sob uma propriedade comum alinhada. Constantino de Oliveira Júnior, fundador da Gol, e Adrian Neuhauser, vice chairman da Avianca, ocupam os cargos de presidente e CEO da Abra, respectivamente.
Na semana passada, Gol e Azul fecharam acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e a Receita Federal para regularizar dívidas tributárias que somavam R$ 7,5 bilhões.
A Gol reorganizou R$ 5,5 bilhões em dívidas tributárias e reduziu o montante para R$ 880 milhões. A Azul devia mais de R$ 2,5 bilhões em dívidas com a Procuradoria e o Fisco, valor reduzido para R$ 1,1 bilhão. Ambas deram garantias na operação, como slots aeroportuário, espaços de mídia nos aviões, contratos com o Poder Público.