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Publicada em 07 de Janeiro de 2025 às 13:30

Endividamento de famílias no Rio Grande do Sul chega a 93%, aponta Fecomércio-RS

Levantamento mostra que houve um crescimento do percentual das famílias que dizem "mais ou menos endividadas"

Levantamento mostra que houve um crescimento do percentual das famílias que dizem "mais ou menos endividadas"

EVANDRO OLIVEIRA/JC
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Cláudio Isaías
Cláudio Isaías Repórter
A parcela de famílias endividadas no Rio Grande do Sul chegou a 93%, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das Famílias (PEIC-RS) de novembro divulgada pela Fecomércio-RS. A taxa de contas em atraso foi de 36,4% e a dos que não terão condições de quitar nenhuma parte das dívidas nos próximos 30 dias foi de 3,1%. Para Patrícia Palermo, economista-chefe da Federação, o resultado, embora tenha aumentado com relação a novembro de 2023, que registrou 90,9%, interrompeu cinco altas mensais consecutivas.
A parcela de famílias endividadas no Rio Grande do Sul chegou a 93%, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das Famílias (PEIC-RS) de novembro divulgada pela Fecomércio-RS. A taxa de contas em atraso foi de 36,4% e a dos que não terão condições de quitar nenhuma parte das dívidas nos próximos 30 dias foi de 3,1%. Para Patrícia Palermo, economista-chefe da Federação, o resultado, embora tenha aumentado com relação a novembro de 2023, que registrou 90,9%, interrompeu cinco altas mensais consecutivas.
Segundo Patrícia, o resultado de novembro de 2024 na perspectiva geral como um todo foi positivo em termos de endividamento e inadimplência. "Percebemos a redução do percentual de famílias que se diz 'muito endividada'. Também verificamos que houve uma diminuição das famílias 'pouco endividadas'. Porém, houve um crescimento do percentual das famílias que dizem 'mais ou menos endividadas'", acrescenta. Conforme a economista, quando as pessoas começam a perceber um descontrole nas dívidas, é natural que elas puxem o freio de mão e comecem a conter novos endividamentos, o que reflete na questão da inadimplência.
Uma das grandes dicas para quem está numa situação de inadimplência, de acordo com a economista, é evitar novas dívidas. Para a pessoa que tem níveis de endividamento elevado, a dica é não fazer novas dívidas também. "Quem se vê numa situação que não consegue pagar suas contas, já tem contas em atraso e está enxergando um estrangulamento da sua capacidade de compra cotidiana, a dica é não fazer novas compras", acrescenta.
O percentual de famílias endividadas, ao registrar 93%, interrompeu uma série de cinco altas consecutivas. Em outubro de 2024, o índice era de 94,2% e, em novembro de 2023, de 90,9%. Na margem, o percentual de famílias que se considera muito endividada caiu de 28,9% para 26,9%. No entanto, o índice daqueles que se consideram mais ou menos endividados vem aumentando significativamente nos últimos meses à medida que os poucos endividados se reduz. Com relação à renda, a parcela comprometida com o pagamento de dívidas registrou 27,8%, apresentando leve aumento em relação à novembro de 2023 e permanecendo praticamente constante com relação à outubro de 2024.

O índice de contas em atraso, ao registrar 36,4%, apresentou o terceiro recuo consecutivo. O tempo de pagamento com atraso apresentou redução, especialmente na comparação com o mesmo período do ano anterior. Enquanto que em novembro de 2023 era de 34,9 dias e em outubro de 2024 de 30,2 dias, em novembro de 2024 foi de 29,8 dias.

Já o percentual de famílias que não terão condições de quitar nenhuma parte das dívidas nos próximos 30 dias foi de 3,1%, inferior ao de outubro de 2024 (3,4%), mas ainda superior ao de novembro de 2023 (2,6%). A queda do indicador na margem foi acompanhada de um aumento no percentual de famílias que afirmam ter condições de quitar a totalidade das contas em aberto no próximo mês, um sinal positivo na análise da inadimplência.

Para Patrícia, os hábitos de consumo mudaram no País e hoje as pessoas começaram a ter acesso a ferramentas financeiras, como a popularização do cartão de crédito e o acesso facilitado ao crédito. "Hoje, temos a facilidade do cartão onde podemos comprar parcelado ou à vista. No entanto,  você não liquida essa compra no ato. Será um pagamento futuro que passa a ser um endividamento", explica. Segundo a economista, muitas lojas têm facilitado o acesso ao crédito e a pesquisa mostra que boa parte das pessoas endividadas são com gastos com cartões feitos em lojas.

Brasil não é um País da cultura de planejamento, afirma economista

Patrícia Palermo afirma que o excesso de endividamento e a inadimplência estão relacionados ao fato de que o Brasil não é o País da cultura do planejamento. "Quando pegamos uma baixa cultura de planejamento, pouco interesse em matemática e acesso facilitado ao crédito isso é uma combinação que pode ser bem complicada e perigosa", acrescenta. Para a economista da Fecomércio-RS, o leque de consumo se ampliou muito no País. "As pessoas têm a ilusão de que crédito aumenta a renda. No entanto, no futuro, elas precisam de renda para fazer o pagamento desses débitos contraídos no passado", ressalta.
Sobre dicas de como sair do endividamento em 2025, Patrícia Palermo afirma que o primeiro passo diz respeito ao fato de que as pessoas precisam ter a consciência de quanto ganham e quanto podem gastar. "Tenha consciência clara de quanto você ganha e de quanto você gasta", ressalta. A segunda dica é analisar os hábitos de consumo, ou seja, fazer uma checagem dos gastos e se estão adequados a sua renda e se são necessários. A terceira dica é estabelecer limites de gastos, por exemplo, com lazer, vestuário, alimentação e transporte. "O mais importante é respeitar esses limites", garante. A quarta é a construção de objetivos e metas, como, por exemplo, o planejamento de férias de um casal com filhos. "O importante é que a família tenha dinheiro para gastar nas férias. Porém, é necessário que haja um planejamento para que as férias da família ocorra de maneira tranquila", completa.

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