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Publicada em 18 de Dezembro de 2024 às 19:05

Dólar sobe 2,78% e supera R$ 6,26 com temor fiscal e tom duro do Fed

Dólar à vista fechou em alta de 2,78%, a R$ 6,2657

Dólar à vista fechou em alta de 2,78%, a R$ 6,2657

Arte/Jc
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Agência Estado
Já em alta firme e acima da linha de R$ 6,20 ao longo da tarde, em razão da crise de confiança na política fiscal do governo Lula, o dólar à vista ganhou ainda mais força na última hora de negócios em sintonia com o exterior, após o anúncio da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA).
Já em alta firme e acima da linha de R$ 6,20 ao longo da tarde, em razão da crise de confiança na política fiscal do governo Lula, o dólar à vista ganhou ainda mais força na última hora de negócios em sintonia com o exterior, após o anúncio da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA).
Com máxima a R$ 6,2707, o dólar à vista fechou em alta de 2,78%, a R$ 6,2657 - renovando pico histórico nominal pelo terceiro pregão consecutivo. Desde a última vez que o dólar fechou abaixo de R$ 6,00 no mercado doméstico (R$ 5,9557), no último dia 11, a moeda já acumula valorização de 5,20%. No ano, o dólar tem ganhos de 29,10%.

O real apresentou de longe o pior desempenho entre as principais moedas globais, incluindo divisas pares de países emergentes e de exportadores de commodities. Termômetro do comportamento do dólar em relação a pares, como euro e iene, o índice DXY subiu mais de 1%, ultrapassando os 108,000 pontos.

Como esperado, o Fed reduziu a taxa de juros em 25 pontos-base, para a faixa entre 4,25% e 4,50%. Mas a decisão não foi unânime. Houve 11 votos pela redução e 1 pela manutenção. Analistas chamaram a atenção para o tom duro do comunicado e de falas do presidente do BC americano, Jerome Powell, em coletiva de imprensa.

Dirigentes do Fed revisaram para cima, no chamado gráfico de pontos, a mediana para núcleos de inflação e passaram a prever taxas de juros um pouco mais elevadas do que anteriormente no atual ciclo de afrouxamento monetário.

Powell afirmou que, com os cortes já realizados, os juros já estão "perto do nível neutro", o que permite "postura cautelosa". Ao comentar a possibilidade de uma elevação da taxa em 2025, o presidente do Fed disse que nenhuma opção pode ser completamente descartada.

O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, observa que o Fed vê uma economia mais forte, o que pressupõe inflação "mais duradoura, exigindo um ciclo de corte de juros mais gradualista" daqui para frente.

"A dissidência de uma diretoria demonstra que o debate sobre cortes em 2025 será mais complicado, diante de déficits fiscais mais duradouros, menor imigração e aumento de tarifas", afirma Borsoi, que, por ora, mantém projeção de dois cortes de 25 pontos-base em 2025, nas reuniões de outubro e dezembro.

Desde a eleição do republicano Donald Trump à presidência dos EUA, há apostas de que o BC americano terá menos espaço para reduzir os juros no próximo ano. Trump promete redução de impostos e medidas protecionistas, o que pode resultar em pressões inflacionárias adicionais.

Analistas observam que o real já amargava as piores perdas entre pares emergentes antes da decisão do Fed. Depois de vender US$ 3,3 bilhões ontem em dois leilões à vista, o Banco Central não interveio no mercado cambial hoje, apesar de a taxa de câmbio ter superado R$ 6,20 no início da tarde. Segundo operadores, mesmo com a continuidade do movimento de remessas de empresas e fundos ao exterior, houve boa liquidez no segmento à vista.

O BC informou que o fluxo cambial foi negativo em US$ US$ 4,146 bilhões na semana passada, com saída líquida de US$ 2,809 bilhões no segmento financeiro. No mês (até dia 13), o saldo total é negativo em US$ 6,788 bilhões, em razão de saída de US$ 6,063 bilhões pela conta financeira.

"Com liquidez no spot, se o BC atuasse hoje iria parecer que estava defendendo um nível para a taxa de câmbio. Se faltar liquidez nos próximos dias, ele pode atuar de novo", afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, acrescentando que o BC, por ora, segue fiel à estratégia de prover divisas para corrigir distorções, e não para tentar segurar alta do dólar motivada por aumento da percepção de risco. "A dinâmica está muito ruim por conta do fiscal. E não é só no câmbio".

Ontem à noite, a Câmara aprovou a primeira parte do pacote fiscal enviado pelo governo. Trata-se do projeto de lei complementar que estabelece gatilhos para o arcabouço fiscal e prevê o bloqueio de emendas em determinados casos. Uma das medidas propostas pela equipe econômica, contudo, caiu: a que limitava a restituição de créditos tributários pelas empresas. A Câmara ainda tem que apreciar mais dois textos - um projeto de lei e uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

Tudo será enviado em seguida ao Senado, que precisa apreciar as propostas antes de recesso parlamentar, que começa no dia 23. À tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esteve reunido com o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e lideranças partidárias. Analistas estimam que a economia com o pacote fiscal vai girar entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões, aquém dos R$ 71 bilhões almejados pela Fazenda.

Mais cedo, Haddad disse que a taxa de câmbio estava pressionada por um clima de incerteza, mas que deveria se acomodar à frente. "A Fazenda trabalha com os fundamentos, e esses movimentos mais especulativos, eles são coibidos com a intervenção do Tesouro, Banco Central. Funciona assim", afirmou Haddad. Com o mercado de câmbio já fechado, o BC anunciou que vai realizar amanhã leilão de venda de dólares à vista com oferta de US$ 3 bilhões.

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