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Publicada em 16 de Dezembro de 2024 às 15:55

Arayara apresenta estudo sobre carvão mineral em Candiota

Lançamento do trabalho ocorreu na Assembleia Legislativa

Lançamento do trabalho ocorreu na Assembleia Legislativa

Divulgação Arayara/JC
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Jefferson Klein
Jefferson Klein Repórter
O Instituto Internacional Arayara lançou nesta segunda-feira (16) o trabalho UTE Candiota 2050 - O futuro insustentável da produção de energia elétrica a partir do carvão mineral subsidiado. O evento ocorreu na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, com a apresentação oficial do Monitor de Energia, plataforma online com estudos, dados, infográficos e legislações sobre a matriz energética do Brasil.
O Instituto Internacional Arayara lançou nesta segunda-feira (16) o trabalho UTE Candiota 2050 - O futuro insustentável da produção de energia elétrica a partir do carvão mineral subsidiado. O evento ocorreu na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, com a apresentação oficial do Monitor de Energia, plataforma online com estudos, dados, infográficos e legislações sobre a matriz energética do Brasil.
O engenheiro ambiental do Instituto Internacional Arayara, John Fernando de Farias Wurdig, detalha que o foco da iniciativa é mostrar o panorama do impacto socioambiental causado com a operação da termelétrica Candiota 3. O momento é visto como crucial, pois o Projeto de Lei (PL) 576, recentemente aprovado no Senado, incluiu subsídios para as usinas a carvão da região Sul do País até 2050.
“Queremos trazer um alerta, principalmente, no contexto das mudanças climáticas”, frisa Wurdig. Entre os pontos destacados pelo trabalho está que, entre 2011 e 2023, a térmica gaúcha emitiu aproximadamente 21,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalentes (tCO2e). O consumo médio de carvão ao ano da planta foi de cerca de 1,5 milhão de toneladas.
Outro ponto ressaltado é o elevado consumo de água da usina (estimado em cerca de 16,6 milhões de metros cúbicos ao ano, equivalente a 190 caixas d´agua de 10 mil litros por hora). “É um verdadeiro vampiro de água”, compara o engenheiro.
Ele acrescenta que, de acordo com projeções da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), até 2040 a região de Candiota deverá enfrentar um cenário muito crítico quanto ao abastecimento hídrico. Wurdig salienta ainda que, entre 2013 a setembro de 2024, a térmica recebeu cerca de R$ 1,1 bilhão de reembolsos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE - um mecanismo de subsídio a segmentos do setor elétrico presente na conta de luz).
O integrante do Instituto Internacional Arayara sustenta que o município de Candiota precisa pensar em uma transição energética, com a substituição da operação das termelétricas a carvão da cidade (além de Candiota 3, funciona no local a usina Pampa Sul) por outras atividades econômicas. Ele cita, por exemplo, que algumas vinícolas já estão se desenvolvendo na região. A reportagem do Jornal do Comércio (JC) tentou entrar em contato com a assessoria da empresa Âmbar Energia, proprietária de Candiota 3, mas até o fechamento da matéria não obteve retorno. O estudo sobre a térmica gaúcha pode ser acessado através do site monitordocarvao.org.
O evento de lançamento do trabalho realizado na Assembleia Legislativa contou com o apoio e a presença do deputado estadual Matheus Gomes (PSOL). O parlamentar considera que é possível fazer a transição energética proporcionando novas oportunidades econômicas. Gomes enfatiza que é preciso fazer a distinção do que é o interesse corporativo, de determinados segmentos empresariais, das necessidades que o Rio Grande do Sul e o mundo têm hoje diante da emergência climática.
“Tem que construir junto com as comunidades as alternativas”, defende o deputado. Gomes é autor do Projeto de Lei 23/2023, que busca declarar estado de emergência climática no Rio Grande do Sul de forma permanente. O texto foi aprovado na semana passada na Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa. “E queremos levá-lo ao plenário o quanto antes”, finaliza o parlamentar.

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