Podem ser realizadas até o dia 27 de dezembro as doações para destinar parte do imposto de renda de pessoas físicas ou jurídicas para a Missão Junior Achievement RS e obter a restituição dos valores em 2025. O programa, que visa auxiliar na educação empreendedora, financeira e na preparação de jovens para o mercado, deve assim iniciar novo ciclo em 2025, para composição de miniempresas em escolas públicas e privadas.
A Junior Achievement atua no Estado pela "Missão J.A. RS", no segmento de atuação voltado à educação empreendedora prática. No território gaúcho, iniciou as operações em 1995 e nos EUA, atua desde 1919. As miniempresas, programa chave na gama de atividades da JA, visam simular a construção de um negócio, exceto ao registro do CNPJ.
A atividade ocorre com supervisão. Por 14 semanas, jovens, utilizando a ajuda de conselheiros, definem cargos da empresa, como presidência e diretorias de operações, recursos humanos, finanças e marketing. Os conselheiros são pessoas de empresas reais que realizam voluntariado para passar os conhecimentos em negócios.
Define-se então os produtos e serviços vendidos e realiza-se a produção, venda e finalização do negócio. “Convidamos quatro voluntários de diversas empresas do universo da J.A.: Um especialista em recursos urbanos, um especialista em finanças, outro profissional especialista em produção e um voluntário especialista em marketing e vendas”, explica o Presidente do Conselho Consultivo da Junior Achievement RS, Gustavo Ene.
A realização de feiras para venda do produto são no Shopping Iguatemi. “Ao final então eles têm que devolver os dividendos para os acionistas e também doar para uma Ong o que seria equivalente aos impostos”, complementa a Diretora Executiva da J.A. Aline Néglia.
Neste ano de edição, no Colégio Pastor Dohms, em Porto Alegre, a miniempresa "Achei" faturou R$ 17.355 durante o período. O produto oferecido se trata de uma tag de localização por aplicativo que rastreia objetos do dia a dia por Bluetooth. Após isso, os 34 alunos doaram R$ 5.316,99 para a Instituição Infantil Lupicínio Rodrigues. No Uruguai, a Achei foi vencedora do Company of the Year (COY), como melhor miniempresa das américas.
Desde 2021, a ONG é uma das organizações da sociedade civil aptas a receber recursos por leis de incentivos fiscais, nesse caso, pelo Fundo Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente de Porto Alegre (Funcriança). O Fundo é constituído por doações de pessoas físicas e jurídicas. Assim, permite deduzir as doações, diretamente do Imposto de Renda devido, observados os limites estabelecidos pela legislação.
Pessoas físicas podem realizar doação de até 6% do Imposto de Renda, enquanto Jurídicas, que tributam por lucro real, até 1%. Os fundos do Funcriança são repassados às empresas e, no caso da J.A., distribuídos conforme seus programas. Segundo a empresa, este percentual não concorre com fundos do idoso, esporte ou cultura, ou seja, caso já destinem para outros projetos, eles não sofrem nenhum tipo de concorrência.
Apesar deste ser o programa principal, da instituição, ela também atua com outros projetos, como a J.A. Startup, para introduzir jovens à aos negócios escaláveis e o programa de Liderança Comunitária, em que jovens analisam a situação da comunidade local, detectam um aspecto a ser melhorado e elaboram um projeto de liderança a partir disso. O valor doado ao Funcriança também será dividido entre o restante dos programas ofertados à sociedade.
Segundo o Portal da Transparência de Porto Alegre, à Junior Achievement, por meio do Funcriança, foram empenhados em 2024 R$ 1.362.271,50. Deste valor, R$ 714.302,28 foi liquidado e pago. Ainda conforme o órgão municipal, o fundo tem como objetivo assegurar à criança e ao adolescente a garantia de direitos fundamentais.
Segundo a prefeitura de Porto Alegre, os valores do Funcriança são fiscalizados pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, pela Auditoria-Geral do Município e pelo Tribunal de Contas do Estado. A verba é investida a partir de aprovação de projetos encaminhados pelas entidades ao Conselho.
Neste ano, foram constituídas, segundo levantamento provido pela Junior Achievement, 53 Miniempresas em 15 municípios, com um total de 917 alunos. Na Região Metropolitana de Porto Alegre foram 413 alunos, com formatura em 21 de novembro. A maior dificuldade de aumentar esse número, porém, é a disponibilidade de voluntariado. “A gente tem muita dificuldade, porque nós buscamos profissionais do mercado para atuarem como voluntários”, explica Aline.
De proprietário de miniempresa à presidente do conselho
O hoje cofundador da empresa de investimentos NVA Capital e presidente do conselho da Junior Achievement, Pedro Englert, relata à reportagem que o programa de miniempresas representou, para ele, uma primeira forma de contato com o empreendedorismo. “Sempre gostei muito do mercado, de empresa, de negócios e de empresário. E quando você está na escola, não tem muito acesso a isso", diz.
Sua participação ocorreu um ano após o início do programa no Rio Grande do Sul, em 1995. Relata não lembrar ao certo o que criaram, mas que provavelmente foi uma empresa de canecas.
Uma das vantagens, segundo ele, foi a possibilidade de se realizar um empreendimento em um ambiente que, apesar de controlado, é um ambiente real. Serviu, segundo Englert, para realizar a escolha da área profissional após o término do ensino regular.
Posteriormente ele fez parte da empresa XP Investimentos, que estava iniciando operações em Porto Alegre, ainda como escritório de agentes autônomos de investimentos. Mudando-se para São Paulo com o negócio e, posteriormente, deixando-o.
Após isso, morou um ano no Vale do Silício e investiu em uma série de outras empresas com dois sócios, e ambos também passaram pela J.A.. O Portfólio dessa gestora de investimentos, em que é cofundador, a NVA Capital, soma atualmente 13 empresas. “Sou o primeiro aluno que virou conselheiro e depois presidente do conselho como se fosse uma ideia de fechamento de ciclo, obviamente uma posição que me dá bastante orgulho mas que também me traz uma responsabilidade, porque esse ano no brasil a gente vai impactar 800 mil jovens. e estamos buscando a marca de 1 milhão.”