Entre as consequências da enchente que atingiu o Rio Grande do Sul está a movimentação de sedimentos que causaram o assoreamento das hidrovias gaúchas. Uma das estruturas impactadas foi o porto da capital gaúcha, porém a expectativa é que a normalidade da atividade do complexo, se tudo transcorrer bem e as condições climáticas colaborarem, possa ser alcançada no primeiro trimestre do próximo ano.
A Portos RS (companhia pública responsável por administrar o sistema hidroportuário no Estado) iniciou em novembro a dragagem do Canal de Itapuã, um ponto crítico para acessar Porto Alegre pelo modal fluvial. O presidente da empresa, Cristiano Klinger, adianta que a perspectiva é que a obra seja totalmente finalizada em torno de 90 dias. Contudo, ele adverte que dias com muito vento podem causar eventuais atrasos.
Para essa ação, é estimado o investimento de R$ 8,8 milhões. No entanto, para efetivar todas as dragagens necessárias nas hidrovias gaúchas, o Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs) confirmou a liberação de mais de R$ 730 milhões. Depois de Itapuã, Klinger informa que os próximos canais que serão trabalhados serão os de Pedras Brancas, Leitão, Furadinho e São Gonçalo. Essas áreas já passaram pela batimetria (medição) e nos próximos dias o contrato do serviço de dragagem deverá ser publicado.
Paralelamente, Klinger detalha que serão fechados os acordos quanto às batimetrias de outros canais e, recebendo os resultados desses levantamentos, iniciam-se as demais dragagens. “A gente iniciou a obra com Itapuã e agora ela é contínua”, assinala o dirigente.
Apesar da necessidade do desassoreamento, o presidente da Portos RS ressalta que o porto da Capital não está totalmente paralisado. Ele salienta que, conforme o nível d´água, o complexo ainda pode ser acessado pelos navios que têm um calado maior, além de embarcações que não precisam de tanta profundidade para se deslocarem. O dirigente aponta que há uma demanda aguardando para ser atendida, que é a movimentação de transformadores de energia que devem seguir de Porto Alegre até Rio Grande.
Assim como espera recuperar a total segurança de navegabilidade nos próximos meses, outra novidade para o porto da Capital será o arrendamento de uma de suas áreas, denominada POA26, que possui cerca de 22 mil metros quadrados e será destinada à movimentação e armazenagem de granel sólido. De acordo com a Agência Nacional de Transportes Aquaviário (Antaq), o leilão do espaço deverá ocorrer “em breve”.
A contrapartida de investimentos (Capex) em ativos de quem vencer a licitação será de aproximadamente R$ 21 milhões. A área é classificada como brownfield, uma vez que possui estruturas de operação. O POA26 possui construções necessitando de manutenção, reparos, trocas e reformas. Atualmente, o espaço é composto por um armazém, que ocupa aproximadamente metade da área, prédios administrativos, pátio, subestação e uma área greenfield (sem construções já realizadas).