A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desacelerou a 0,39% em novembro, após alta de 0,56% em outubro, apontam dados divulgados nesta terça-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O ritmo menor de avanço está associado à queda de 6,27% nos preços da conta de luz no mês passado. O grupo alimentação e bebidas (1,55%) e as passagens aéreas (22,65%), por outro lado, pressionaram o IPCA. No caso dos alimentos, o IBGE destacou a carestia das carnes, que chegou a 8,02%.
A taxa de 0,39% ficou levemente acima da mediana das projeções do mercado financeiro, que era de 0,38%, de acordo com a agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de 0,24% a 0,43%.
Quando a análise considera o acumulado de 12 meses, os dados mostram uma aceleração do IPCA. Nesse recorte, a inflação alcançou 4,87% até novembro. É a maior desde setembro do ano passado (5,19%).
Assim, o acumulado se distanciou do teto da meta de inflação de 2024, que é de 4,5% até dezembro. A taxa era de 4,76% até outubro.
Para não estourar o teto, o IPCA não pode ser superior a 0,20% na variação mensal de dezembro, segundo o pesquisador André Almeida, gerente da pesquisa do IBGE.
Analistas, porém, projetam uma alta maior para o mês. Com a desvalorização do real ante o dólar, a consultoria LCA elevou a estimativa para o IPCA de dezembro de 0,59% para 0,68%.
Para o acumulado do ano, a perspectiva da casa subiu de 4,8% para 5%. Conforme a LCA, os alimentos devem seguir pressionados até o final de 2024. "É muito difícil que o IPCA fique dentro do intervalo de tolerância da meta. A variação de dezembro precisaria ser muito baixinha", diz o economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
Ele prevê alta de cerca de 4,8% para o acumulado do ano. "É claro que, nesses 4,8%, tem muito choque temporário", afirma Braz, citando a carestia das carnes como exemplo.
Alimentos e passagens
Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados no IPCA, somente 3 tiveram alta de preços em novembro, disse o IBGE.
O ramo de alimentação e bebidas mostrou a maior variação (1,55%) e o principal impacto (0,33 ponto percentual). O grupo acelerou na comparação com outubro (1,06%). Mais do que isso: a alta de novembro (1,55%) é a maior desde abril de 2022 (2,06%).
Dentro de alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio acelerou de 1,22% para 1,81%. A taxa mais recente é a mais intensa desde o último mês de janeiro (1,81%).
Nesse caso, houve impacto da carestia de 8,02% das carnes. Foi a maior alta dos produtos desde dezembro de 2019 (18,06%). "A alta dos alimentícios foi influenciada, principalmente, pelas carnes, que subiram mais de 8% em novembro. A menor oferta de animais para abate e o maior volume de exportações reduziram a oferta do produto", afirma Almeida, do IBGE.
O instituto ainda apontou altas no óleo de soja (11%) e no café moído (2,33%). Os preços da manga (-16,26%), da cebola (-6,26%) e do leite longa vida (-1,72%), por outro lado, mostraram quedas.
A alimentação fora do domicílio, que integra o mesmo grupo, acelerou de 0,65% em outubro para 0,88% em novembro. Foi a maior alta desde agosto de 2022 (0,89%).
O grupo dos transportes, por sua vez, passou de uma queda de 0,38 em outubro para uma elevação de 0,89% em novembro. O movimento foi puxado pela passagem aérea, que saiu de uma baixa de 11,5% para uma alta de 22,65%.
Conta de luz
O grupo habitação, por outro lado, mostrou alívio. O segmento saiu de uma alta de 1,49% em outubro para uma queda de 1,53% em novembro. O dado reflete o comportamento dos preços da energia elétrica residencial. A redução de 6,27% na conta de luz foi puxada pela vigência da bandeira tarifária amarela. Sozinha, a energia gerou um impacto de -0,27 ponto percentual no IPCA. Foi a maior contribuição individual do lado das baixas.
Folhapress